Camarão: fusão no Brasil pode abrir importação do Equador

Duas grandes empresas de pesca fundiram-se. Uma delas, a Frescatto; pressiona o Ministério da Agricultura pela importação de camarão equatoriano, o que prejudicaria a carcinicultura brasileira

Legenda: A criação de camarão no Nordeste brasileiro estará ameaçada se o Brasil importar o produto do Equador, onde há uma superprodução
Foto: Divulgação

Atenção! Acendeu a luz amarela de atenção nos escritórios das empresas nordestinas – principalmente as cearenses — que produzem e comercializam camarão. O aviso veio do anúncio da fusão das empresas Frescatto, fluminense, e Prime Seafood, pernambucana, com sede em Recife. 

O nome da empresa que emergiu da fusão será Frescatto, com receita de R$ 1,6 bilhão no ano passado, mas com estimativa de faturamento de R$ 2 bilhões ainda neste 2024. A Prime é líder nacional da exportação de pescados.

 Qual é o temor dos carcinicultores nordestinos? Resposta: a Frescatto é a empresa que lidera a pressão sobre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no sentido de que o governo da União libere a importação de camarão do Equador, onde há uma superoferta do produto, razão pela qual seu preço se reduziu a menos do que o custo de produção. 

Os equatorianos querem desovar no Brasil o camarão que está sobrando lá. O México e os Estados Unidos – para onde o Equador tentou enviar seu produto – vetaram a tentativa. Restam o Brasil e seu gigantesco mercado consumidor. 

Os líderes da Camarão BR, entidade que congrega os maiores carciunicultores do Brasil, já explicaram às autoridades do Mapa que a carcinicultura equatoriana enfrenta mais de 10 doenças, inclusive a “mancha branca”, a mais grave de todas. No Brasil, os grandes criadores de camarão investem permanentemente no controle dessa doença, e tanto é verdade que já faz vários anos que não se registra um só caso dela.
 
Cristiano Maia, presidente da Camarão BR e maior criador de camarão do país, já teve reuniões com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e com seus técnicos tratando da questão e explicando o que, do ponto de vista fitossanitário, resultará da abertura do mercado brasileiro ao camarão do Equador. 

Mas a pressão não só do governo equatoriano, mas também de empresas brasileiras de pesca, como a Frescatto, junto ao Mapa tem deixado preocupados os carcinicultores do Ceará – estado responsável por mais de 50% da produção do Brasil – do Rio Grande do Norte e do Piauí, que produzem mais de 40% do camarão nacional.

Mas os pequenos carcinicultores desses estados também se mostram assustados com a possibilidade de entrada do camarão equatoriano no Brasil. Eles consideram que, se isso acontecer, será como um tiro no coração de uma atividade que tem mudado a vida de milhares de pequenos agricultores, que, no sertão cearense, trocaram a enxada da lavoura pelo trabalho rentável de criar camarão em tanques cheios de água salobra extraída do subsolo de alguns municípios da região do Jaguaribe. A água salobra – renovada a cada semana – é do que mais gosta o camarão.

ALVOAR LÁCTEOS NO FORUM MILK POINT

Bruno Girão, sócio e CEO da Alvoar Lácteos (antiga Betânia Lácteos), participará do 16º Fórum MilkPoint Mercado, evento que reunirá na próxima quarta-feira, em São Paulo, reunindo especialistas renomados e grandes nomes do setor lácteo brasileiro para compartilhar tendências e estratégias que ajudarão a prever e a antecipar os cenários da economia e do setor leiteiro para este ano de 2024.
 
Girão participará do quarto bloco do Fórum, que tratará da “Consolidação e investimentos na indústria láctea brasileira”. 

Ele focará no tema “Porque o Banco Mundial está investindo na Alvoar?”, devendo pormenorizar os investimentos realizados pela International Finance Corporation (IFC) na empresa no final do ano passado.

Dividirão o bloco os executivos Lomanto Moraes, CEO da LAC Soluções; Jorge Rocha, Operating Partner da Aqua Capita; e Valter Galan, diretor técnico da MilkPoint Ventures. O painel terá a moderação de Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da MilkPoint Ventures. 

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