Brasil entrará em recessão no 2º semestre, diz empresário cearense

Carlos Rubens Alencar, presidente do Simagran, culpa o Banco Central pela situação de dificuldades que enfrenta a economia brasileira. E elogia o presidente da Fiec na questão dos incentivos fiscais

Legenda: Juros altos provocam a queda das vendas de automóveis, e fábricas dão férias coletivas aos empregados
Foto: Divulgação

No segundo semestre deste ano, a economia brasileira entrará em recessão, se for mantida a atual taxa básica de juros Selic, que há 7 meses se mantém estacionada no patamar de 13,75% ao ano. Esta é a previsão do presidente do Sindicato da Indústria de Mármores e Granitos do Ceará, empresário Carlos Rubens Alencar.

Na sua opinião, “todos concordamos com a independência do Banco Central, que deve ser mesmo o guardião da moeda, mas não é bem isto o que está acontecendo”.

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De acordo com o presidente do Simagran-CE, a inflação medida pelo IPCA do IBGE está –  anualizada de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023 – em 5,60%. E centrou sua dura crítica no Banco Central, que, sob o seu ponto de vista, é o culpado pela atual situação de dificuldade por que passa a economia do país.

Falando nesta quinta-feira a esta coluna, ele disse:

“Como se explica que a taxa de juros Selic esteja mantida desde agosto de 2022 em 13,75%? Para mim, está claro que nessa taxa está embutido um componente político. Concordo que o governo Lula foi eleito e se instalou sem um plano econômico, sem uma diretriz fiscal, o que deixa o país e sua economia à deriva. Mas isto não é um viés determinante para tão alta taxa de juros, que está acabando com a economia brasileira”, afirma Carlos Rubens.

Jogando mais lenha na fogueira do debate, ele acrescentou:

“Não se iludam, pois o que vem por aí não é bom. Vendo apenas pelo viés político, o governo parece ser o culpado. Mas isso tem nada a ver com o governo. Repare que o desemprego está alto, as empresas do setor automobilístico estão dando férias coletivas porque as vendas caíram. E eu sei o que significa dar férias coletivas. Significa que, depois das férias, vem a demissão. O que está acontecendo com a indústria de automóveis e com outros setores da economia sinaliza para uma recessão bem expressiva no segundo semestre. Nós vamos ter uma recessão enorme, e eu não acredito que, por melhores que sejam as notícias sobre um novo arcabouço fiscal, que mais que o mercado o aplauda, não haverá uma retomada no segundo semestre. As coisas na economia demoram a acontecer. Assim como demora a chegada da recessão, mais demorada será a retomada da atividade econômica”.

Carlos Rubens Alencar lembrou que a sua geração “está acostumada a anos perdidos, a décadas perdidas” e acentuou:

“Nós estamos entrando de novo nessa. Este 2023 será um ano dramático. O de 2024 será um ano de apenas recuperação. NO terceiro ano, começará outra vez o gasto desenfreado, os políticos todos querendo se reeleger e aí recomeçará a farra, repetindo o desastre do ano passado, quando Bolsonaro, com a tolerância da sociedade, liberou cerca de R$ 400 bilhões para aumentar o valor do Bolsa Família e para várias outras coisas, tudo para tentar sua reeleição”.

Carlos Rubens recarregou sua metralhadora e atirou no coração da autoridade monetária: 

“O Banco Central, eu penso, poderia ter dado ontem uma cacetada nesses juros. Nós não temos inflação de demanda que justifique Selic a 13,75%, e isto está muito claro. Todos os setores da economia estão com o pires na mão. A coisa não está fácil, a renda está lá embaixo, todo mundo sem cadastro, a tal ponto que, se você for olhar para cadastro, não vende”, disse ele.

E para terminar, ele disparou nova rajada:

“No Brasil, temos um grupo de 100 técnicos das instituições financeiras que produzem semanalmente o Relatório Focus. São eles que controlam as taxas de juros no Brasil. Quem tem o controle da moeda tem tudo, não importa quem governe, e é por isto que o Brasil não sai do lugar”.

ELOGIOS AOPRESIDENTE DA FIEC

Carlos Rubens Alencar fez ainda um comentário sobre a recente decisão do governador do Ceará, Elmano de Freitas, que devolveu às empresas da indústria e da agropecuária a integralidade dos incentivos fiscais que o governo concede a empresas que investem aqui. 

Ele fez questão de elogiar a posição assumida pelo presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, “que, mais uma vez, soube defender, com a firmeza e a lhaneza de sempre, os interesses das empresas incentivadas”.

O presidente do Simagran-CE destacou que o presidente da Fiec “honrou sua condição de líder da indústria do Ceará, sabendo negociar com o governador Elmano, oferecendo-lhe, para a solução da questão, sólidos argumentos que foram ouvidos e aceitos pelo Chefe do Executivo”.