Conciso e objetivo, um relatório elaborado pela equipe de economistas do Banco Safra, a que esta coluna teve acesso, revela que, apesar do bom desempenho da arrecadação e do PIB (Produto Interno Bruto) até agora, “o resultado primário de 2024 está pressionado pelo crescimento das despesas do governo, notadamente com a Previdência e com os programa assistenciais, além do auxílio ao Rio Grande do Sul”.
E acrescenta:
Diante disso, o time do Safra "alterou a previsão de déficit primário para este ano, de 0,7% do PIB para 0,8% do PIB, o equivalente a R$ 87,9 bilhões, resultando em maior dificuldade para alcançar a meta de zerar o déficit, ainda que se considerem a margem de tolerância embutida no arcabouço fiscal e um contingenciamento relevante nos próximos meses.”
Tem mais:
O relatório analisa em detalhes a dinâmica dos gastos previdenciários e assistenciais. "O crescimento dessas despesas tem gerado pressão sobre o resultado primário do governo central. De um lado, essa evolução aumenta a probabilidade de que haja algum bloqueio orçamentário no relatório do 3º bimestre a ser divulgado no próximo dia 22. De outro, favorece iniciativas de gestão, revisão e auditoria desses benefícios, que podem redundar em ganhos permanentes de gastos."
No fim de semana, economistas analisaram o panorama da economia brasileira e todos mostraram-se pessimistas em relação à possibilidade de êxito do esforço -- anunciado e repetido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad -- de zerar o déficit orçamentário ainda neste ano. A chance é nenhuma, de acordo com as previsão dos economistas.
Ontem, o economista Marcos Lisboa, falando ao programa "Roda Vida", da TV Bandeirantes, chamou atenção para o aumento das despesas com a Previdência e com o pagamento dos juros da dívida, que segue também em alta. Lisboa salientou que a conta das renúncias e isenções tributárias concedidas a diferentes setores do empresariado industrial é exagerada, chegando hoje a meio trilhão de reais. Mas ele reconheceu que não será fácil mexer nesse vespeiro por causa dos grupos de pressão, que são muito fortes.
Ele elogiou o desempenho do Banco Central na condução da política monetária, condenando a posição do presidente Lula que segue fazendo críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Segundo Marcos Lisboa o dólar disparou por motivos externos, mas principalmente pelos problemas internos ligados à política fiscal. Ele entende que o investidor olha hoje para o Brasil e não sente segurança jurídica para aplicar aqui seus recursos, pois as regras estão sempre mudando.