Banana do Equador ameaça Agricultura Familiar no Brasil

Produto equatoriano tem doenças inexistentes no Brasil, dizem produtores brasileiros de banana, que participam da Fruit Attraction

Escrito por
Egídio Serpa egidio.serpa@svm.com.br
(Atualizado às 02:13)
Legenda: A bananicuktura do Equaror tem doenças que não existem no Brasil, inclusive a destruidora "fusarium tropical raça 4".
Foto: Thiago Gadelha / SVM
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Madri (Espanha) – Ao prometer, recentemente, ao seu colega do Equador, Daniel Noboa, a abertura do mercado do Brasil à exportação da banana equatoriana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter dado um tiro no pé, porque a decisão inviabilizará a atividade dos bananicultores do programa Agricultura Familiar, que produzem mais de 60% da banana brasileira.  

Esta informação foi transmitida a esta coluna ontem, quarta-feira, 1, por empresários nordestinos e do Centro-Sul que atuam nessa área da agricultura e que estão em Madri participando de mais uma Fruit Attraction, segunda maior feira de frutas do mundo. 

De acordo com essas fontes, são duas as ameaças que enfrentarão os bananicultores da Agricultura Familiar – assim como os grandes e médios produtores: a primeira é o preço da banana equatoriana, que chegará ao Brasil bem mais baixo do que o custo de a produzir aqui e lá; a segunda ameaça é de ordem fitossanitária. 

Nos bananais equatorianos, é forte a presença do Moko, uma praga que não existe no Brasil. No passado – revelou um produtor – a questão fitossanitária foi objeto de uma ação judicial contra a importação da banana do Equador por motivos de doenças já conhecidas. Mas, agora, há um agravante: foi descoberta a presença do “fusarium tropical raça 4”, uma praga capaz de dizimar plantações de banana no território brasileiro, caso a importação do produto equatoriano seja autorizada. 

“O Brasil não enfrenta qualquer problema de desabastecimento de banana. A produção brasileira da fruta é maior do que a demanda consumidora interna, e tanto é verdade que o excedente produzido é exportado para a Europa e para países latino-americanos", disse outro bananicultor ouvido pela coluna. 

Um terceiro produtor revelou que a produção brasileira de banana é, basicamente, feita pela Agricultura Familiar, que hoje se espalha por todas as regiões do país. Diante desse cenário, os produtores perguntam: 

“Na agricultura familiar, grande parte dos produtores de banana são eleitores do presidente Lula, que, autorizando a importação da banana equatoriano, criará uma grave e séria dificuldade social e econômica para esse segmento do setor produtivo”, disseram os três produtores à coluna. 

Por sua vez, diretores da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas (Abrafrutas) disseram que a entidade segue acompanhando a questão, que teve sequência ontem, em Brasília, com uma reunião de produtores de banana de vários estados com autoridades do ministério da Agricultura, que até agora não emitiu opinião a respeito.  

O Equador registra neste ano uma supersafra de banana e quer desová-la, já tendo tentado, sem êxito, o mercado dos Estados Unidos. Outra tentativa, também sem sucesso, foi feita no México, cujo governo igualmente rejeitou a oferta, alegando os mesmos motivos fitossanitários. 

O Ceará tem interesse na questão porque é um grande produtor de banana, sendo ainda exportador do produto para o mercado europeu, preferencialmente o do Reino Unido.  

CONFEA HOMENAGEARÁ ENGENHEIRO CÁSSIO BORGES 

No próximo dia 7, no Pavilhão de Carapina, na cidade de Serra, no Espírito Santo, o Conselho Nacional dos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (Confea) prestará homenagem a um grupo de engenheiros brasileiros. Entre os engenheiros homenageados estará o saudoso cearense Cássio Borges, que nasceu em 1933, ano em que também nasceu o Sistema Confea/Crea. Cássio Borges pai do jornalista Marcos André Borges, foi um dos mais atuantes engenheiros dos quadros técnicos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). 

Especialista em recursos hídricos, Cássio Borges foi um dos precursores do projeto de transposição do Rio São Francisco, que vem transformando algumas regiões do semiárido nordestino em verdadeiros oásis, oferecendo aos ribeirinhos e a outras populações da região melhor condição de vida. Ele faleceu em 2023, deixando eternizada sua experiência em diversos livros e artigos por meio dos quais compartilhou seus conhecimentos. Cearense de Sobral, Cássio Borges graduou-se pela Escola Politécnica de Pernambuco, em 1960, e, desde então, dedicou sua vida ao desenvolvimento hídrico e social do Nordeste brasileiro. 

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