Argentina pede socorro financeiro ao Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta terça-feira em Brasília seu colega Aberto Fernandez, que precisa de ajuda para tirar a economia argentina da grave crise em que se encontra

Legenda: O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, vem ao Brasil pra pedir ajuda a Lula. A economia argentina está em crise
Foto: Nelson ALMEIDA / AFP

Hoje, em Brasília, o presidente Lula receberá seu colega presidente da Argentina, Alberto Fernandez, que vem pedir socorro. 

A economia argentina está em frangalhos. Sem dólares para bancar as importações, enfrentando uma seca que reduziu bastante sua produção agrícola e suas exportações de trigo e de soja, a Argentina precisa de ajuda.

É em busca dessa ajuda que Alberto Fernandez chega hoje ao Brasil para reunir-se com Lula, que já providenciou uma ajuda: o governo, por meio do BNDES, criará uma linha de crédito especial para financiar as empresas brasileiras que exportam para a Argentima.

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O secretário executivo do Ministério da Fazenda, economista Gabriel Galípolo, informou que essa medida incentivará as 210 empresas do Brasil que exportam para a Argentina. Os detalhes dessa linha de crédito deverão ser revelados hoje, após o encontro de Lula com Alberto Fernandes.

Há um problema à primeira vista: a moeda argentina, o peso, está desvalorizado e o país vizinho praticamente não tem dólares para pagar pela importação. As vendas das empresas brasileiras serão feitas em dólares, mas os produtos serão vendidos lá em pesos, que talvez não sejam suficientes para pagar a dívida aqui. A inflação na Argentina é hoje de 102% ao ano. 

Ontem, Dia do Trabalho, o presidente Lula fez discurso no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, e de novo disparou críticas à política monetária do Banco Central, centro fogo na taxa de juros, que estão realmente muito altos. Ele culpou os juros pelo desemprego no país. 

A fala do presidente fez parte da estratégia de pressionar a autoridade monetária no sentido da redução da taxa básica de juros Selic, que desde agosto do ano passado permanece no patamar de 13,75, devendo ser mantida mais uma vez pelo Copom, que se reúne hoje e amanhã para decidir sobre a questão.

Aqui no Brasil, no domingo, véspera de 1º de Maio, em pronunciamento à Nação pela tevê, Lula anunciou a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, que passou para dois salários-mínimos, ou seja, R$ 2.640. Mas ele prometeu que, até o fim do seu mandato, essa isenção saltará para R$ 5 mil.

Mas o ministério da Fazenda já tomou providências para cobrir esse custo de ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda: serão taxas as aplicações financeiras que pessoas físicas residentes no Brasil fazem no exterior, principalmente em paraísos fiscais. A decisão já transformada em Medida Provisória, já publicada no Diário Oficial da União.

Serão taxados em 15% os rendimentos anuais acima de R$ 6 mil e até R$ 50 mil; os rendimentos acima de R$ 50 mil serão taxados em 22,5%.

Hoje e amanhã, também se reúne o Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que poderá, segundo estima o mercado, por uma elevação em 0,25% das taxas de juros da economia norte-americana, elevando-as para um intervalo entre 5% e 5,25% ao ano.

Na quinta-feira, o Banco Central Europeu também deverá subir suas taxas de juros em 0,25%. Amanhã, quarta-feira, será divulgada a taxa de inflação na União Europeia, e este número poderá influir na decisão sobre os juros.

Nesta semana, serão divulgados aqui no Brasil os balanços do primeiro trimestre de grandes empresas como a Embraer, Ambev, Bradesco e Via, empresa dona da rede de lojas Casas Bahia.

Nesta terça-feira, o petróleo do tipo Brent, importado pela Petrobras, está sendo negociado em ligeira baixa de 0,13% na Bolsa de Londres, cotado a US$ 79,21 o barril. Essa baixa, segundo informam os jornais europeus, é causada pela incerteza quanto à economia da China. 

O índice de gestores de compras na China contraiu-se no mês de abril, o que põe no ar sinais de inconsistências, no linguajar do mercado, embora os dados relativos a viagens e compras dos chineses sigam robustos.

Bem, enquanto o preço internacional do petróleo estiver oscilando abaixo dos US$ 90, a chance de haver aumento do preço de combustíveis no Brasil é praticamente nula.