ArcelorMittal Pecém atenta ao Hub do H2V e às energias renováveis

Há expectativa em torno da possibilidade de a siderúrgica cearense instalar uma unidade de laminação e de trocar o carvão mineral por energia solar ou eólica para fabricar aço verde

Legenda: Vista aérea da usina siderúrgica da ArcelorMittal Pecém, que pode trocar o carvão mineral por energias limpas
Foto: Divulgação

Maior exportadora do Ceará e uma das maiores produtoras de aço do Brasil, a ArcelorMittal – que comprou, em julho do ano passado, a usina siderúrgica do Pecém – acompanha com lentes de luta do ainda lento processo de implantação do Hub do Hidrogênio Verde que o governo do Ceará, em parceria com a Federação das Indústrias (Fiec) e com a Universidade Federal (UFC), desenvolve há três anos. 

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Erick Torres, CEO da ArcelorMittal Pecém, disse, logo após assumir a posição, que sua empresa investiu na compra não só de uma aciaria moderna, cujos produtos são exportados para mais de 30 países, mas nas possibilidades de grandes negócios, entre os quais citou a produção do H2V. 

Mas Torres também se referiu a uma possibilidade com a qual sonham o governo, o povo e as lideranças empresariais do Ceará: a instalação de uma unidade produtora de aço laminado na sua grande planta industrial do Pecém. 

Essa laminadora terá extraordinária relevância para a economia cearense, pois permitirá que aqui se instale, no estalar de dedos, um Polo Metalúrgico moderno, capaz de consolidar um setor industrial já existente e em operação – a da linha branca – e, também, de abrir a chance de implantação de uma indústria automobilística, outro sonho do Ceará.

O aço laminado – para os que ainda não sabem – é matéria-prima para a fabricação de refrigeradores, fogões, máquinas de lavar e veículos automotores – do ônibus ao caminhão, do carro de passeio ao trator. 

Os executivos da ArcelorMittal – maior do mundo na área da aciaria, controlada por capitais indianos – têm planos para fazer crescer sua unidade cearense, tanto é assim que Erick Torres também acenou para o governador Elmano de Freitas, com o qual se reuniu após assumir suas funções no Ceará, com a possibilidade de também investir na substituição do carvão mineral, que move hoje sua usina no Pecém, por energia renovável, que existe e seguirá existindo em abundância no Ceará. 

Com essa providência, a ArcelorMittal passaria a produzir não mais aço cinzento, porém o aço verde, que – pelo uso de energia eólica onshore ou solar fotovoltaica – agregaria valor ao produto. 

O que acima está escrito tem o objetivo de ativar a memória do comando da ArcelorMittal e de manter acesa a chama do projeto de implantação do Hub do H2V do Pecém, que necessitará de muita energia renovável, gerada pelo que o Ceará tem de sobra – o sol e o vento.

CAVALO DO HIDROGÊNIO VERDE AINDA VAI DEMORAR

Muito rápido no gatilho, o engenheiro cearense Fernando Ximenes – dono da Gram Eollic, empresa especializada em energias renováveis, com alguns projetos já instalados de geração de energia solar fotovoltaica no Ceará, incluindo o que foi construído na Fazenda Chica Doce, do empresário Beto Studart – respondeu ao comentário desta coluna, publicado cedo da manhã de ontem, segunda-feira, 15.

Ximenes escreveu o seguinte:

“Esse cavalo selado tão bom, puro sangue, do Hidrogênio Verde custa muito alto, vai passar, não sabemos quando e como passará. Por enquanto esse alazão tão sonhado no Ceará está apenas nos debates e memórias (memorandos) e ainda falta muita infraestrutura para nós empresários cearenses montarmos nele. Não nos falta inteligência, falta Baia (Modais no Porto do Pecém), falta coxo (Redes d’água e pulmões de armazenamento d’água). É um cavalo selado puro sangue e é tão alto, que faltam escadas para montá-lo. E faltam as linhas de transmissão e as subestações de energia para alimentá-lo.”

Fernando Ximenes levanta uma dúvida e, em seguida, sugere:

“Se o Hidrogênio Verde e tão viável assim, com tanto mercado como dizem e com grandes oportunidades para nós empresários cearenses, por que não começamos produzindo Hidrogênio Verde na microgeração? Seria um exemplo excelente para o mundo verde e a indústria verde. Seria transformar os grupos geradores a Diesel da Casa da Indústria (sede da Fiec), hoje movidos a óleo diesel fóssil, em unidades de geração abastecidos por Hidrogênio Verde!”