Se você entrar no site da SpaceX, vai ver o serviço que se almeja prestar com a Starship: “SERVICE TO EARTH ORBIT, MOON, MARS AND BEYOND”, traduzindo seria algo como serviços para órbita da Terra, Lua, Marte e além. Não está pronto, mas é como vender um imóvel na planta. A órbita da Terra está relacionada a satélites de comunicação, monitoramento do tempo e do clima, espionagem, pesquisa científica e por fim turismo espacial. Escrevi em ordem do que já é mais usual para o menos usual. Várias empresas estatais e privadas já atingem esses patamares da órbita da Terra.
A StarShip, se funcionar, deve reduzir mais o custo dos lançamentos. Na semana passada, 23 satélites da Star Link foram colocados em órbitas, o que assustou muita gente no interior do Ceará. O foguete falcon 9 da SpaceX tinha lançado os satélites no mesmo dia. Espera-se, com a StarShip, colocar mais satélites na órbita baixa da Terra de uma só vez. Isso irá aumentar o acesso da população à internet espacial. Hoje, existem cerca de 2 mil satélites com este propósito. No futuro, serão mais de 10 mil, e a StarShip, por ser a maior obra de engenharia aeroespacial da história, deve alcançar este número com alguns poucos lançamentos.
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Na Lua, por enquanto, a finalidade é científica. Além de ter um viés político, uma vez que a China está quase dominando o solo lunar como mostrei na minha última coluna. Já o objetivo de fornecer serviços para ir a Marte, além de científico, é visionário. Atualmente, as viagens para Marte são apenas de ida porque uma vez que se pousa lá, não há combustível para voltar do planeta vermelho. Contudo, a Starship está sendo desenvolvida para funcionar a base de metano que poderá ser extraído da atmosfera do planeta visitado. Em seu primeiro voo, o leitor estranhou que foi um sucesso mesmo tendo explodido. É sucesso toda vez que se supera as etapas anteriores.
No lançamento anterior a este, foi um marco o foguete ter concluído a transferência de combustível em ambiente de microgravidade, em outras palavras, a Starship fez um pitstop no espaço. Algo nunca realizado antes. Nesse último lançamento, dia 6 de junho, o foguete pousou na água e não explodiu. No próximo, talvez o pouso ocorra em terra. Mas não será um simples pouso, ele será agarrado pela torre antes que toque o solo. Se tocasse o solo, os motores derreteriam o solo e abriria uma grande cratera.
O grande aprendizado da vez foi sobre a reentrada. Um momento muito perigoso. O Flap superior sofreu muito estresse térmico e aerodinâmico. Flap é uma parte dobrável que ajuda a controlar a descida do foguete. Devido a ser uma parte móvel, muito calor passou junto com o foguete. Isso provocou um desgaste de parte da estrutura corroendo-a. Mesmo assim, os atuadores funcionaram e fezeram a Starship pousar suavemente sobre o oceano.
O Hot stage, uma espécie de anel que conecta o primeiro estágio com o segundo, foi sacrificado. Isso não faz parte do projeto, uma vez que o intuito é reutilizar o foguete completamente, o que deve ser corrigido nos próximos testes.
Não há precedentes de uma nave como esta, principalmente pelo fato de ser totalmente reutilizável e com 121 m de comprimento, maior e mais potente do que o foguete Saturno V que levou o ser humano à Lua.
Nossas estatais, como a Agência Espacial Brasileira, conseguem pôr foguetes no espaço, mas ainda não os colocam em órbita. Vamos colocar, mais cedo ou mais tarde, também. Surgirão várias empresas privadas com este propósito aqui no Brasil, a minha, Astro Corp, é uma delas, porém ainda estamos na fase de foguetes de competição, que atingem 500 m, 1 km, 2 km e 3 km de altitude e tem a finalidade de treinamento. Mas como diz, o ditado, “o céu é o limite”, neste caso, literalmente.