Missão espacial chinesa Chang’e-6 revela o lado oculto da Lua

A nossa lua é travada por maré e isso significa que ela sempre tem a mesma face voltada para a Terra

Legenda: Bandeira chinesa levada para a Lua pela missão Chang’e-6
Foto: Nasa/Reprodução

Parece cena de universo alternativo de história de super herói, mas é a realidade deste universo. A China se tornou a primeira nação a pousar no lado oculto da Lua. O termo famoso do filme dos Transformers e do álbum de músicas da banda Pink Floyd, “The dark side of moon”, pode ser traduzido como “O lado oculto da Lua” e não o lado escuro da Lua. Isso porque não faz sentido uma vez que esta região também é iluminada pelo Sol. Acontece que a nossa lua é travada por maré. Isso significa que ela sempre tem a mesma face voltada para a Terra. 

Seu movimento de revolução ao redor da Terra é sincronizado com o da sua rotação - como se ela quisesse esconder o outro lado-, o que constitui uma rotação síncrona ou sincronizada. Isso não é uma coincidência, existem exoplanetas que também são travados por maré, apresentando sempre a mesma face voltada para sua estrela como, por exemplo, no recém descoberto sistema estelar TRAPPIST. Isso acontece devido ao efeito de maré na fase de formação do astro enquanto ele se encontra numa forma mais fluida. Imagine um pião jogado dentro de um balde com água: ele logo irá parar em relação a água. Mas o que tem a ver com maré? 

Acontece que a maré é causada pela atração gravitacional e tende a acompanhar o astro mais próximo. No caso da Terra, a maré é influenciada principalmente pela Lua. Ao longo das eras, nosso planeta também ficará travado por maré com a Lua, os dias estão ficando cada vez mais longos em 1,8 milésimos de segundo a cada século. 

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O lado oculto da Lua também é chamado de lado distante da Lua, e pouco se sabe sobre ele. Foi fotografado pela primeira vez em 1959 pela sonda Luna 3. Nunca houve uma missão tripulada ao local além das chinesas. Uma das missões Apollo cancelada estava cotada para pousar nessa região. Contudo, a primeira missão não tripulada ocorreu em 2019, justamente pela sonda Chang’e 4. Em 2020, a Chang’e 5 retornou com amostras do lado visível.

O nome Chang’e vem da deusa da Lua que era uma mortal, mas recebeu o elixir dos deuses e foi morar na Lua.  

Legenda: Chang E, deusa da mitologia chinesa
Foto: Projeto Gutenberg, licença padrão ESA/Adaptação/Reprodução

E, agora, a missão Chang’e 6 se tornou a mais bem sucedida não tripulada à Lua com um verdadeiro espetáculo de imagens. Esse lado da lua tem bem mais crateras por ficar voltado para o espaço oposto ao planeta Terra. 

Pousar no lado oculto da Lua é um desafio maior, pois a comunicação é mais complexa. No tempo das missões Apollo, perdia-se o contato com os astronautas enquanto eles passavam (mas não pousavam) sobre o lado oculto. Para não perder a comunicação, a China pôs quatro satélites de comunicação em órbita do astro e resolveu o problema. O pouso ocorreu de maneira suave e controlada no dia 1º de junho de 2024 sobre a cratera Apollo (que ironia. Rê! Rê!).

Além disso, a missão contou com um rover que passeou pela superfície lunar e tirou fotos da própria nave. Também coletou cerca de 2 kg de amostra com um braço robótico e está enviando o material para a Terra. Existe interesse no solo lunar, principalmente na concentração de trítio cotado para a ser a fonte de energia do futuro.

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