Segundo a ONU, em abril deste ano, a Índia se tornou a nação mais populosa do mundo com 1,428 bilhão de habitantes, ultrapassando a China com 1,425 bilhão. Até pouco tempo, o país era conhecido por seus cultos religiosos, mas tem ganhado cada vez mais notoriedade no setor tecnológico. Hoje, há smartphones de uma empresa chinesa sendo produzidos em grande escala na Índia e vendidos legalmente no mundo todo, inclusive no Brasil.
Na última sexta feira eu acompanhei ao vivo o lançamento do foguete Chandrayaan-3 que está previsto para chegar à Lua no dia 23. O nome Chandrayaan em sânscrito significa veículo lunar. A primeira versão do programa, Chandrayaan-1 foi lançada em 2008 e levou uma sonda orbital para escanear o polo Sul lunar. Em 2019 foi a vez da Chandrayaan-2 que levava além de uma sonda orbital, um lander e um rover.
Explicando para que serve cada um: uma sonda orbital como o nome sugere, orbita um corpo como Lua, asteróide, planeta etc; já um lander aterrissa no corpo se fixa nele; e o rover, se move sobre rodas ou esteiras. Com a Chandrayaan-2, a Agência Espacial Indiana (ISRO) seria a quarta depois da NASA, ROSCOSMOS (Rússia), e CNSA (China) a conseguir pousar em segurança na Lua, e a primeira a pousar no polo Sul. Contudo, a Chandrayaan-2 perdeu o contato e não concluiu a missão.
Ainda em 2019, a sonda israelense Beresheet também não conseguiu pousar em segurança e se chocou com a superfície lunar. Por isso a expectativa com a Chandrayaan-3 lançada nesta última sexta (14) é grande. Todos estaremos na torcida pelo pouso bem sucedido em reconhecimento ao esforço indiano.
Se bem sucedido o pouso do rover, irá estudar o processo de extração de água a partir deste reservatório além de desbravar no futuro com a exploração de recursos naturais que existem na Lua.
Em 2019, o primeiro ministro indiano, Narendra Modi, anunciou que o seu país havia se transformado numa potência espacial. Mas por que a Índia se tornou uma potência espacial e o Brasil, não? Sendo que o Brasil começou seu programa espacial muito antes da Índia?
Primeiro, por que o Brasil precisa de um programa espacial? Segundo, é viável?
O programa espacial brasileiro existe desde 1956 e pode ser tão bem sucedido como o da Índia. Temos satélites brasileiros em órbita monitorando a Amazônia. Inclusive este satélite foi colocado em órbita pelo programa indiano. Pagamos R$ 20 milhões para colocar este satélite em órbita e foi bem pago e barato. Mas poderíamos colocar nossos próprios satélites no espaço.
Para isso, o governo precisa investir no Veículo Lançador de Microsatélites (VLM) e depois dar continuidade ao programa do Veículo Lançador de Satélites (VLS) ou criar um novo. Com isso poderemos lançar finalmente nossos satélites, e também prestar serviços de lançamento para outras nações ou instituições. Desta forma, o programa se torna viável. Se o VLS não tivesse sido interrompido, poderíamos estar prestando este serviço a mais de uma década.
O local ideal para desenvolver o programa espacial brasileiro é justamente no Nordeste. Aqui já existem duas bases de lançamentos, uma em Parnamirim-RN e outra em Alcântara-MA. Sem falar que o Nordeste ama este setor. Nossos melhores estudantes vão para o ITA e o IME com o intuito de ingressarem no setor aeroespacial. Potencial, nós temos.
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