Extra, extra: um submarino amarelo parte do Crato em direção a Brasília nesta terça-feira (28) com seis passageiros a bordo. Não é sensacionalismo, juro. Nem falácia. Trata-se da empreitada de Célida Juliana de Oliveira e família.
Eles viajam num carro com a arte de um dos álbuns mais famosos dos Beatles para vivenciar o show de Paul McCartney na Capital Federal, na quinta-feira (30). Estão animados e ansiosos. Sensação que reveste não apenas o veículo, mas tudo o que diz respeito à experiência, nos mínimos detalhes.
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A trupe preparou uniformes específicos para a apresentação do eterno "Beatle". São camisetas brancas nas quais os garotos de Liverpool estão adornados com chapéu de cangaceiro. Uma formosura. Por outro lado, a própria decoração do automóvel promete despertar a atenção estradas afora, amarelo bonito reluzindo em meio ao sol e à lua.
“O Paul é o meu 'Beatle' preferido. Não sou muito fã das carreiras-solo de cada um, gosto dos quatro juntos. Mas lógico que eu nunca ia perder a oportunidade de assistir ao show de um deles”, dispara a líder do grupo, acostumada ao ritmo frenético dos shows de McCartney.
A presente aventura, porém, começou há anos, quando Célida ainda era criança. Verdade. Miudinha, ouvia o pai e o irmão apreciarem boa música – entre forró, pop e rock do Brasil e do estrangeiro. Aprendeu a se ver ali. Crescida, seguiu na mesma trilha, elegendo aqueles caras de cabelo-cuia como os grandes ídolos.
Para se ter uma ideia, um dos frutos do primeiro salário foi a compra do Álbum Azul, a fim de formar par com o Álbum Vermelho – presenteado pela mãe. E, no total, a bagatela de cinco shows de Paul conferidos de perto, voz estridente e coração palpitando.
Não deu outra. Célida contagiou quem estava por perto, parentes e amigos. O marido entrou na conta também. Depois Cecília, a primogênita, e Paulo Victor, o menorzinho. O primeiro nome deste, inclusive, não foi à toa. Já percebeu de onde vem a raiz, né?
A verdade é que tanto a faixa quanto o álbum “Yellow Submarine” atravessam a família. Todo o enxoval de Paulo, por exemplo, foi com esse tema. E os vários itens espalhados num cantinho da casa – xícaras, almofadas, discos de vinil e souvenirs – também espelham a grandeza da Beatlemania. Energia fortalecida nos últimos tempos por um acaso divino.
É que Cecília, filha de Célida, completará 15 anos em breve. No cronograma de comemorações já estava uma viagem a Santos (SP), mas o anúncio do show de Paul McCartney motivou outros sonhos. O primeiro: incluí-lo no roteiro de festejos. Segundo, envolver toda a família – incluindo pai, mãe e o próprio Paulo Victor, que não conseguiu ir a uma apresentação de Paul em Curitiba anos antes devido à pouca idade – na saga; e, por fim, trocar o antigo carro e dar um rosto totalmente novo a ele. Um que fosse totalmente Beatle.
Da lateral às partes dianteira e traseira, tudo exala amor pela banda. O interior da caranga também brilha em fartura. Alguém duvida qual será a trilha sonora dos mais de 1800 quilômetros entre Ceará e Brasília?
“É um veículo com sete lugares, vai dá pra ir todo mundo”, comemora Célida. “Basta você conhecer um pouquinho dos Beatles pra se apaixonar pelas músicas, letras e arranjos deles – é todo um conjunto. Tem um fundo de cultura muito grande nisso. E estamos muito felizes pela oportunidade dessa presença em família no show”.
Cultivarão o sonho de talvez encontrar Paul presencialmente em alguma rota dessa vida. Ou ir a uma apresentação de Ringo Starr aqui no Brasil. Navegarão em direção ao sol até encontrarem o verde mar. E viverão sob as ondas no próprio submarino amarelo.
Esta é a história de Célida Juliana de Oliveira e o amor dela e da família pelos Beatles. Envie a sua também para diego.barbosa@svm.com.br. Qualquer que seja a história e o amor.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor