O poder das crenças: o que você está dizendo a si mesmo?

Legenda: O fato é que precisamos ter cuidado com o que temos como verdade
Foto: ShutterStock

Crença é sinônimo de fé, portanto termos fé em algo pode ser positivo ou negativo, dependendo do que acreditamos. O que você está dizendo a si mesmo e que o impede de avançar na vida? 

Nossas crenças são ensinadas pelos nossos pais com contribuições das pessoas que fizeram (e fazem) parte da nossa vida. A aceitação ou rejeição de nossas características pessoais, também, podem criar/reforçar crenças positivas ou negativas.

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O fato é que precisamos ter cuidado com o que temos como verdade. As crenças limitantes podem anular a nossa capacidade de experimentar coisas novas, criar cenários, sonhar e avançar. Se você acreditar que não consegue fazer algo, por exemplo, se esforçará para confirmar isso por meio de suas atitudes.  

Transformar crenças limitantes em impulsionadoras não acontece da noite para o dia. O primeiro desafio é identificá-las, o que nem sempre é fácil, pois geram pensamentos rápidos que alimentam um ciclo vicioso e confundem nossas percepções. 

Ao alimentar um pensamento incapacitante, investigue a sua origem e teste sua veracidade. O segundo passo é assumi-las, pois, normalmente, negamos essas crenças ou não conseguimos ver os prejuízos que elas causam.

Para ressignificá-las, precisamos aceitar a origem desses pensamentos, compreender os sabotadores que são gerados para validá-las, enfim, precisamos encarar a necessidade de sermos protagonistas nessa transformação.

Por último, precisamos fazer algo com essa descoberta. Desafiar os medos, definir objetivos, metas e agir. Por que somos resistentes a reconhecer nossas crenças? 

Esse lance de “crenças” parece algo um pouco fora da realidade. Esse tema já foi tão disseminado pelas redes sociais que virou “papo de coach”. Você já deve ter assistido a vídeos ou ouvido podcasts com frases, tais como: só depende de você! A resposta está dentro de você! Se você quer, pode conseguir! Entre muitas outras. 

Todas as frases estão corretas, porém, sua aplicação é que está equivocada. Passa uma positividade que chega a ser tóxica, vende uma simplicidade que não existe, uma facilidade “mágica”.

Desconsidera os desafios do caminho, os recursos que serão necessários, as fragilidades e as limitações do indivíduo.  Transformar as nossas crenças limitantes em impulsionadoras é um passo importante para a alavancagem do desempenho, porém, envolve uma jornada de autoconhecimento e autoaceitação. 

Certamente, você já disse a alguém ou a si mesmo frases, tais como: 
    • Não faço nada direito! 
    • Isso não é para mim!
    • Não tenho jeito mesmo! 
    • Por isso nada dá certo para mim!
    • Não tenho vocação para ser líder!
    • Todo lugar a que eu vou, encontro alguém que implica comigo!
    • Já é tarde para recomeçar, não vou conseguir!
    • Está bom do jeito que está!
    • Eu não mereço ser feliz!

Podemos ter adquirido essas crenças na infância; ouvindo críticas constantes; fortalecendo uma lógica equivocada com base em uma perda; ou por medo das críticas dos outros.  

Para reconhecer as crenças, precisamos mexer em questões que incomodam e nos tiram da zona de conforto. Esse movimento liberta! Vamos exercitar?

Pratique e reflita: 
    • Elenque as crenças limitantes que você diz a si mesmo.
    • Pense sobre as situações que lhe fizeram pensar assim ou nas pessoas que repetiam isso para você.
    • Pense em situações em que você teve um resultado diferente. O que você fez?
    • Crie uma frase POSITIVA para cada crença limitante. 
    • Repita a crença impulsionadora (frase positiva) para você até que se fortaleça. 

O poder das crenças – o casamento de Ginny! 

Ginny, 32 anos, solteira e bem-sucedida. Trabalhava como executiva de uma multinacional e me procurou para apoiá-la no desenvolvimento de algumas soft skills que seriam determinantes para sua promoção na empresa. 

Depois de sete meses, concluímos um processo de coaching executivo e, com sua promoção confirmada, saímos para comemorar sua conquista. Em meio a pizza e vinho, Ginny comentou: 
- Delania, tenho uma demanda que gostaria de tratar com você. Podemos marcar uma sessão para a próxima quinta-feira? 

Imediatamente seu semblante ficou sério e reflexivo. Percebi a importância que aquele momento tinha para Ginny e, mesmo sem entender essa nova demanda, marquei a sessão. 

Quinta-feira chegou, e com ela muitas surpresas. Recebi Ginny no final da tarde e, ao recebê-la, percebi um certo constrangimento no ar. Ela iniciou falando um pouco sobre a sua rotina acelerada, sobre as escolhas que fez na carreira e sobre a confiança que tinha em meu trabalho.

Em meio a uma conversa que não saía do lugar, indaguei: 
- Ginny, como posso ajudar você? 
Após segundos de silêncio, Ginny disse: 
- Delania, quero que você faça um processo de coaching de vida comigo. Quero casar! Já estou com 32 anos e desejo ter filhos. Sou realizada profissionalmente e está na hora de pensar na família que quero constituir. Você me ajuda? 
Acolhi Ginny, perguntei sobre os aspectos motivadores de sua decisão, mas recusei a demanda. 
- Não atuo com coaching de vida, Ginny. Me identifico mais com coaching executivo, você sabe. Posso indicar outro profissional. 
Ginny insistiu! Parecia determinada a me convencer...
- Delania, não confio em mais ninguém! Ficarei envergonhada de levar essa demanda para outra pessoa, faz isso por mim, por favor. 

Bem, depois de muita conversa, insistência e relutância, aceitei fazer o seu processo e agendamos um novo momento para iniciarmos a jornada. 

No primeiro encontro, pedi que Ginny contasse um pouco sobre os seus relacionamentos anteriores e detalhasse especialmente os que foram mais sérios.

Em quarenta minutos de conversa, ouvi pelo menos seis vezes Ginny dizendo: “casamento não é para mim!”. Identifiquei, imediatamente, que Ginny tinha uma crença limitante e que isso impulsionava comportamentos sabotadores que reforçavam o que ela acreditava. 

Focamos a identificação da crença; reconhecimento das perdas geradas e identificação dos sabotadores que reforçavam a crença; e trabalhamos para transformá-la em crença impulsionadora.

Depois disso, mapeamos o estado desejado, avaliamos o cenário atual e traçamos um plano de ação. O processo foi um sucesso! Foi fácil?

Nunca é! O indivíduo precisa, de maneira consciente, escolher mudar e ter disciplina para agir. 
Ginny casou? Sim! Concluiu o processo namorando e o relacionamento avançou. 

Moral da história: Ginny não avançava em seus relacionamentos porque acreditava que casamento não era para ela. Isso fazia com que ela se comportasse sempre na defensiva quando a relação evoluía, e mesmo acreditando que havia se “empenhado”, usava a sua carreira como desculpa e criava um estereótipo comportamental que, de acordo com a sua crença, não combinava com o “casamento”. 

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu instagram: @delaniasantoscoach

Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima! 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora

 

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