Bastidores da liderança: não gosto de conversas difíceis

Legenda: Muitos líderes não sabem lidar com conversas “difíceis”, seja para delegar, mediar um conflito ou dar um feedback corretivo
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Você já paralisou diante de um conflito? Preferiu fugir de uma conversa complicada com alguém de temperamento forte? Você não está sozinho! Várias vezes, eu me senti assim...

Pedir aumento, reclamar de um conflito com um colega, mediar uma situação com integrantes da equipe, tratar sobre “by pass” (que acontece geralmente quando alguém ignora você na hierarquia da organização ou quando você faz isso com o seu líder) são situações difíceis de lidar, principalmente quando os ânimos estão exaltados. 

Muitos líderes não sabem lidar com conversas “difíceis”, seja para delegar, mediar um conflito ou dar um feedback corretivo. É desafiador dialogar com alguém que olha para você com desdém, desinteresse ou agressividade. 

Especialmente quando o líder tem um perfil muito emocional, entende que é de sua responsabilidade transformar essa situação estressante, notadamente quando a pessoa em questão é alguém de quem ele gosta, ou tem o respaldo da gestão estratégica e/ou é integrante da família. Por outro lado, quando o líder tem o perfil muito racional, pode ir direto ao ponto rápido demais, potencializando o conflito. 

Com certeza, em assuntos delicados, o ideal é o equilíbrio e encontrar o momento certo!

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Inteligência emocional é importante para lidar com essas situações? 

Muito! Quando decidi o tema da minha pesquisa de mestrado (Inteligência Emocional e Desempenho de Líderes), queria entender a percepção de líderes estratégicos com relação à influência da IE no seu desempenho e em quais situações ela tinha um papel determinante. As situações elencadas por eles referem-se a questões comportamentais que envolvem a relação com o líder imediato; a gestão de conflitos ou a priorização de problemas para tomadas de decisão. 

Os entrevistados demonstraram preocupação com situações com as quais eles têm dificuldade de enfrentar e concordaram que, ao longo de suas trajetórias profissionais, já foram prejudicados pela falta de equilíbrio emocional. 

Por que conversas difíceis incomodam tanto?

Conversas assim trazem com elas um clima tenso, hostil, e você nunca sabe como o outro pode reagir. Dependendo de como está a sua inteligência emocional, isso afeta a sua disposição para resolver a situação. 

A procrastinação, nesses casos, é uma prática frequente nas organizações. Para muitos, deixar a poeira baixar é a melhor estratégia. Mas, até que ponto isso resolve? Não resolve!

Dependendo da situação, os problemas se acumulam e isso aumenta o sentimento de frustração do líder. Além disso, gera um efeito dominó, pois o outro, uma vez que as coisas não foram esclarecidas, pode provocar, com mais facilidade, outra situação conflituosa. 

Como lidar com conversas difíceis

Uma conversa difícil passa por três níveis e, até chegar ao momento ideal para intervenção, é necessário que você tenha autocontrole para conduzir o diálogo; esteja disposto a ouvir plenamente a demanda do outro; e pronto para evitar pré-julgamentos, pois isso impede a escuta empática. 

Nível 1 - as pessoas tentam encontrar um culpado.
Nas linhas iniciais, a pessoa está tomada por um grande sentimento de indignação, e dessa forma atribui ao outro a responsabilidade pelo que aconteceu. 

Nível 2 – as pessoas falam sobre como se sentem e sobre o que aconteceu.
Depois do desabafo, a pessoa percebe o que falou e tenta justificar sua reação, demonstrando como se sente sobre o que aconteceu. 

Nível 3 – as pessoas reforçam o porquê de ficarem tão afetadas com o que aconteceu, e tentam convencer que tem a razão. É neste nível que o líder deve atuar. Não antes!

Quando o líder silencia nos dois primeiros níveis, o outro percebe toda a intensidade empregada naquele momento e, normalmente, no terceiro nível, pede desculpas pela forma como se posicionou. Neste momento, ele estará mais preparado para ouvir o que será dito.

Para lidar com este tipo de situação, é importante:

- Escolher um local reservado para tratar da situação; 
- Falar na primeira pessoa: “eu percebi”; “eu entendi”;
- Sondar o que aconteceu e os sentimentos da pessoa – AVALIAR O PASSADO! 
- Perguntar o que ela pretende como solução para esse problema ou situação – FOCAR O PRESENTE; 
- Gerar soluções que atendam minimamente a todas as partes envolvidas, ponderando os impactos de cada sugestão – CRIAR ALTERNATIVAS PARA O FUTURO.

Importante: Não deixe a conversa ultrapassar os limites da racionalidade. Caso necessário, adie a conversa para um outro momento. 

Nesta coluna, trarei para você assuntos relacionados a carreira, liderança, coaching e tendências sobre os assuntos. Contribua deixando sua pergunta ou sugerindo um tema de sua preferência, comentando este post ou enviando mensagem para o meu instagram: @delaniasantoscoach.

Será maravilhoso ter você comigo nesta jornada. Até a próxima! 

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora



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