Orbolsonaro: punida pela Europa, Hungria segue irmã do governo brasileiro

Legenda: Primeiro-ministro da Hungria Viktor Orbán, país sofrerá punição da União Europeia
Foto: Attila Kisbenedek / AFP

A União Europeia vai avançar com a aplicação de um mecanismo inédito no bloco, uma punição contra a Hungria pelas ameaças ao Estado de direito. O país enfrenta um cenário de corrupção generalizada, falta de independência judicial, ataques aos direitos humanos e à liberdade de imprensa. Tudo orquestrado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, um “irmão” de Jair Bolsonaro, como o presidente brasileiro já titulou a aproximação com Orbán.

O novo mecanismo europeu corta o acesso de estados-membros em que são detectadas ameaças ao Estado de direito a recursos financeiros. No caso da Hungria, o país pode ficar sem os 7,2 bilhões de euros que viriam do fundo de recuperação pós-pandemia do bloco.

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou a decisão na última terça, dois dias depois de Viktor Orbán, que está no poder desde 2010, ter sido reeleito para o quarto mandato consecutivo à frente do governo.

A oposição fez uma aliança inédita, reunindo seis partidos, para tentar barrar a vitória do Fidesz, mas a legenda de Orbán atacou em duas frentes para garantir a vitória.

O líder da extrema-direita reforçou a mensagem de “proteger nossas crianças”, numa alusão à nova legislação que proíbe qualquer menção à diversidade, gênero ou orientação sexual em escolas e mídia em geral.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia foi outro fator. Aliado de Vladimir Putin há décadas, Orbán vai contra a União Europeia na adoção de sanções, diz que vai pagar por gás em rublos caso Putin assim ordene e reforçou no eleitorado o medo de uma crise caso a Hungria apoiasse os ucranianos. Resultou.

Vladimir Putin parabenizou Viktor Orbán pela vitória. O líder da extrema-direita italiana Matteo Salvini também, assim como Marine Le Pen, que vai disputar a presidência da França com Emmanuel Macron nas eleições do próximo domingo.

Menos de dois meses atrás, quem sorria ao lado de Orbán era Jair Bolsonaro. A viagem à Hungria veio na sequência do encontro do presidente brasileiro com Putin em Moscou. Em Budapeste, Bolsonaro afirmou que o premiê húngaro é “praticamente um irmão” pelos valores que os dois países têm em comum: deus, pátria, família - a tríade do fascismo.

A primeira vez que li o termo “Orbolsonaro” foi numa análise do Reporting Democracy sobre o encontro dos dois ultraconservadores. A união semântica reflete a política, o que é uma pena tanto para a língua portuguesa quanto para o Brasil.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.



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