O Banco do Nordeste do Brasil (BNB) se prepara para ofertar títulos de renda fixa e empréstimos vinculados a projetos de proteção ambiental, inclusão de gênero, energias renováveis e ‘indústria verde’.
Em março deste ano, a instituição financeira recebeu a qualificação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para ingressar no mercado de capitais para a finalidade. No entanto, isso não garante a emissão imediata dos papéis verdes, cuja venda dependerá da conjuntura econômica e outros fatores.
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Essa modalidade prevê que os valores obtidos só poderão ser destinados para financiar atividades econômicas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo sete critérios ambientais e cinco sociais.
Conforme o BNB, ainda não há previsão para a emissão do título “neste momento”. Atualmente, informou, a instituição “monitora oportunidades por meio de leituras de mercado”.
Os juros e demais detalhes ainda serão anunciados.
Para o diretor de planejamento do BNB, Aldemir Freire, esse é um passo importante porque “não há como desassociar desenvolvimento e sustentabilidade”.
O mundo já está em marcha avançada nesse movimento. Não adianta crescimento econômico sem um olhar plural em pessoas e no meio ambiente”, avaliou.
No País, os bancos públicos do Brasil (BB), Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF) já possuem Framework de Finanças Sustentáveis.
Os títulos comuns de renda fixa são oferecidos pelas instituições financeiras para investidores comprarem, e os recursos obtidos vão para diferentes objetivos, incluindo investimentos privados e outros negócios. A diferença do título verde, conhecido por 'green bonds', é que o recurso arrecadado só pode ser aplicado em projetos sustentáveis.
Ou seja, são voltados para as práticas ESG. Além disso, os emissores de títulos verdes são obrigados a informar onde os recursos foram aplicados para os investidores acompanharem os impactos dos financiamentos.
É um título verde. Conforme a instituição, o Framework de Financiamento Sustentável é um instrumento pelo qual o banco se qualifica a ingressar no mercado de títulos e empréstimos sustentáveis, adotando novas formas de capitalização e ampliando os eventuais impactos positivos de atividades e estratégia de sustentabilidade.
O BNB compromete-se a alocar os recursos dentro de 24 meses a contar a partir da emissão/ captação dos recursos.
“Essas informações só se definirão no momento futuro de eventual emissão de título temático pelo Banco”, disse a instituição.
O que é ESG?
ESG é a sigla, em inglês, para Ambiental, Social e Governança (Environmental, Social and Governance). O conjunto de práticas visa reduzir os impactos ambientais provocados pelas empresas e desenvolver um sistema econômico justo e transparente. Por isso, pode contribuir para a descarbonização da economia, termo usado para a redução da emissão de dióxido de carbono (CO₂), principal gás responsável pelo efeito estufa. ESG surgiu em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, e também está atrelado aos Objetivos de Desenvolvimento da ONU.
Por que o ESG é importante para o consumidor?
O ESG é importante para toda a sociedade, considerando que o País é marcado por assimetrias socioeconômicas, herança do período colonial, escravista e de uma cultura patriarcal. Por isso, pode promover mudanças de equidade no mercado de trabalho, além de reduzir os impactos ambientais dos negócios, sobretudo em um contexto de crise climática. Compreender a importância da agenda ESG ajuda a tomar decisões de consumo baseadas em práticas ambientais e sociais, pressionando os negócios a se adequarem.
O que é a Agenda 2030?
A Agenda 2030 é um compromisso global firmado pelos 193 Estados-membro da ONU, com o objetivo de gerar desenvolvimento sustentável nas dimensões econômica, social e ambiental, considerando as prioridades de países e localidades. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são parte da Agenda 2030
O que é o Acordo de Paris?
O Acordo de Paris é um pacto internacional voltado para conter o aquecimento global, aprovado como lei doméstica por 194 países e pela União Europeia, em 2015. Pelo tratado, a meta era manter o aquecimento abaixo de 2ºC e, na medida do possível, 1,5ºC.