O ano de 2021 é eleitoral nos dois principais clubes do Estado. Tanto Ceará como Fortaleza realizarão eleições ao fim do ano para escolha das Diretorias Executivas que comandarão cada clube. E tem circulado nas redes sociais muitos boatos sobre a possibilidade de Robinson de Castro e Marcelo Paz se candidatarem. Trago, aqui, o real cenário de cada um.
Antes de tudo, deixando claro: os atuais presidentes, de acordo com os Estatutos Oficiais dos clubes, podem se candidatar para novos mandatos. A dúvida é se eles querem. Isso é outra história. Explico.
Em dezembro de 2020, o Fortaleza realizou, de forma virtual, Assembléia Geral com os sócios-torcedores, que aprovaram mudança essencial no estatuto do clube, permitindo a reeleição aos dirigentes que exercerem "mandato-tampão", ou temporário.
A alteração é referente ao artigo 98 do estatuto do clube, que passou a permitir que os dirigentes possam concorrer a uma eleição e posteriormente uma reeleição após exercerem "mandato-tampão", que foi exatamente o que fez Marcelo Paz, ao assumir o lugar de Luis Eduardo Girão, que renunciou em novembro de 2017.
No fim 2018, ele foi então eleito pela primeira vez para o mandato de presidente.
A mudança foi sugerida por um grupo de 60 conselheiros, analisada pela Comissão de Assuntos Estatutários e permite um novo mandato do presidente Marcelo Paz. Seria a reeleição.
As eleições do Fortaleza serão realizadas em dezembro, e não mais em outubro, como anteriormente.
Já o Ceará passou por uma mudança de estatuto em março de 2018. Na ocasião, o artigo 115, que está em Disposições Finais e Transitórias, parte referente às regras de transição entre o estatuto antigo e o novo, deixou claro que "para a primeira eleição dos membros do Conselho Deliberativo e da Diretoria Executiva que irá se realizar após a aprovação e início da vigência deste Estatuto, os requisitos de elegibilidade aplicáveis serão aqueles previstos neste Estatuto, sendo as regras aplicáveis à contagem do número de reeleições iniciadas a partir da primeira eleição após a aprovação do presente Estatuto".
A primeira eleição de Robinson de Castro ocorreu em 2015, no Estatuto antigo. Sendo assim, ele foi eleito apenas uma vez com o novo estatuto, em 2018, podendo então se candidatar novamente para reeleição e outro mandato de três anos.
O artigo 125 esclarece ainda mais, que "o mandato da Diretoria Executiva, eleita e empossada em 15 de outubro de 2015, já terá duração de 03 (três) anos, podendo ocorrer uma recondução nos termos do art. 51", que por sua vez afirma que "o Presidente e os Vice-Presidentes da Diretoria Executiva serão eleitos pelo Conselho Deliberativo, na forma prevista neste Estatuto, para um mandato de 03 (três) anos, sendo permitidas até 01 (uma) reeleição".
As eleições do Ceará serão realizadas em outubro.
Se Paz e Robinson querem e irão disputar a reeleição, é outra história. Entrei em contato com os dois presidentes e o posicionamento foi semelhante:
Marcelo Paz: "Não é o momento de falarmos sobre isso. Atualmente, o Fortaleza está disputando duas competições nacionais, as eleições serão apenas em dezembro, então o foco está nesses campeonatos".
Robinson de Castro: "Isso não está na minha pauta pessoal, não penso nisso agora. Penso em seguir fazendo o trabalho do dia a dia, para uma boa classificação no Brasileirão 2021, e para cumprir todas as demandas do clube, dentro e fora de campo, que são muitas. Não tenho pensado nessa possibilidade".
Dadas as explicações de cada cenário, uma visão particular: Marcelo Paz e Robinson de Castro são dois excelentes gestores e que têm elevado o patamar dos clubes.
Boas práticas de governança, organização, responsabilidade financeira, investimentos em estrutura, profissionalização, resultados esportivos e consolidação na elite do futebol brasileiro são algumas provas disso.
Vejo a continuidade do trabalho de ambos, portanto, como o melhor caminho para que os rivais sigam crescendo. Mas ser presidente de clube de massa não é fácil.
Robinson e Paz precisarão tomar uma decisão difícil, que envolve vários outros aspectos, profissionais e particulares, sobretudo familiares, que devem ser considerados.
Certo é que os dois já caminham como grandes presidentes dos seus clubes e um dia sairão.
E os substitutos terão a missão de seguir o trabalho feito até aqui.