O que os times do eixo ainda não entenderam sobre Vojvoda e o Fortaleza

Deve ser difícil para alguns sudestinos/sulistas a realidade de que um argentino, despido de preconceitos estruturais, valorize mais o trabalho que se é feito no Nordeste e não pensa que, para crescer na carreira, precisa treinar um time de lá

Legenda: Juan Pablo Vojvoda, técnico Fortaleza
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Dorival aceita convite para treinar a Seleção Brasileira. O São Paulo, então, em busca de novo treinador, tem Vojvoda como plano A e procura o argentino. A resposta é a de sempre: não. A busca é natural e legítima. Mas o que chama atenção é que a insistência de times do eixo Sudeste/Sul na tentativa de tirar o argentino do Fortaleza reflete uma falta de entendimento do trabalho do argentino no Tricolor.

O São Paulo se junta a clubes como Corinthians, Santos, Vasco, Atlético-MG, Flamengo e Internacional (só para citar brasileiros) que sondaram/procuraram Vojvoda e foram recusados. O argentino sempre escolheu o Fortaleza.

O que os clubes e torcedores precisam entender é que as recusas passam por um motivo simples: o Fortaleza dá a Vojvoda o que outros clubes não oferecem. E eu não estou falando de dinheiro - embora ele esteja entre os técnicos mais bem pagos do país.

Deve ser doloroso para alguns sudestinos/sulistas a realidade de que um argentino, totalmente despido de preconceitos estruturais já enraizados na sociedade brasileira, valorize mais o que se tem no Nordeste. E que não pensa que, para crescer na carreira e ter sucesso, é preciso treinar um time de lá.

O que um técnico procura em um time? Projeto, boa estrutura e condições para trabalhar, pessoas corretas e comprometidas, tempo para implementar sua filosofia, bom salário, continuidade, respaldo, compromissos em dia, participação em decisões estratégicas, estabilidade, investimentos crescentes, torcida de massa. O Fortaleza tem tudo isso!

Vojvoda não é bobo. Nem acomodado. Nem tem medo de crescer na carreira. Ele apenas sabe que, no país que mais tritura treinadores e trabalhos, os "gigantes" do eixo não oferecem tais condições. Com máximo respeito ao enorme São Paulo, mas o time que vai para o 6º técnico em menos de 3 anos e em 2021 já havia acertado com Rogério Ceni antes mesmo de demitir Hernán Crespo - compatriota de Vojvoda - é, hoje, um grande exemplo de gestão?

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Legenda: Juan Pablo Vojvoda levou o Fortaleza até a final da Copa Sul-Americana de 2023
Foto: Mateus Lotif / Fortaleza EC

O único que talvez tivesse condições de balançar o argentino seria o Palmeiras em caso de saída de Abel Ferreira, justamente pelos motivos que fazem o português permanecer por lá tanto tempo. Fora isso, não vejo Vojvoda trocando o Fortaleza por nenhum outro time do Brasil num curto prazo.

O que os times precisam entender é: enquanto a postura não for diferente, quem busca um projeto sério de médio/longo prazo dificilmente irá trocar trabalhos com responsabilidade, seriedade, estabilidade, comprometimento, com um sólido projeto esportivo que cresce ano após ano por clubes "de camisa" que pautam os trabalhos apenas por resultados imediatistas.