Venho aqui sugerir, mais uma vez, uma reflexão necessária. Sempre que percebemos as notícias sobre inflação muitas coisas passam em nossa mente: “e o que isso me afeta?”; “quando vou ao mercado os preços estão muito maiores que a inflação.”; “não acredito neste índice não!” e, muitas vezes não buscamos entender como a tal da inflação funciona e por que você sente a inflação de forma diferente?
Vamos começar a entender o que é a inflação.
A inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços dos bens e serviços em uma economia. Isso significa que, ao longo do tempo, a mesma quantidade de dinheiro compra menos produtos do que compraria anteriormente.
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A inflação pode ser causada por diversos fatores, como aumento na demanda, aumento nos custos de produção, pressão de custos, entre outros.
Quando a inflação fica descontrolada, pode levar a uma diminuição do poder de compra da moeda, afetando negativamente a economia e o padrão de vida das pessoas. Controle da inflação é uma preocupação chave para os governos e bancos centrais, que buscam manter a estabilidade econômica.
No cenário atual, a inflação, com projeções para final de 2023, deve ficar em 4,54%, abaixo do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). E uma projeção de 3,92% no ano de 2024.
Mas exatamente por que nem todas as famílias sentem a inflação da mesma forma? São vários os fatores que influenciam neste aspecto.
Existem várias medidas que indicam a mudança nos preços com base em faixas de renda, regiões, produtos e períodos específicos. Essas medidas consideram os bens e serviços mais relevantes para os consumidores e avaliam o aumento desses preços.
Para descobrir quais produtos são mais comprados, os órgãos que calculam a inflação realizam pesquisas com os consumidores. Eles identificam os itens que consomem e quanto do orçamento familiar é destinado a cada produto ou serviço.
Os pesquisadores então visitam os estabelecimentos comerciais mais frequentados pelas famílias e coletam os preços dos produtos e serviços.
A cesta de bens considerada pelo índice de inflação pode não corresponder à do consumidor individual, o que pode levar a percepções diferentes sobre se a "sua" inflação é maior ou menor do que a medida pelos índices oficiais.
Ou seja, basicamente o que você consome e a variação dos preços destes produtos, em específico, que vão determinar, digamos assim, a “sua” inflação.
Para determinar a contribuição de cada item para a inflação, os institutos também levam em conta a proporção média de gastos com alimentação, transporte, educação no orçamento familiar.
No entanto, a composição dos gastos de cada família varia consideravelmente. Famílias de menor renda, por exemplo, dedicam uma parte maior de seus gastos à alimentação, enquanto as de maior renda reservam uma parcela significativa do orçamento para educação, saúde e lazer. Por exemplo, quem possui carro sentirá mais no bolso o aumento do preço da gasolina, e aqueles que consomem mais carne sentirão mais se o preço desse produto subir.
Além disso, mesmo entre famílias que têm um padrão de consumo semelhante, a percepção da inflação pode variar. Se os produtos que o consumidor costuma comprar não aumentarem mais do que a média, o impacto para ele será menor em comparação com aquele que está consumindo exatamente a cesta de produtos e serviços com maior variação de preços.
Mesmo entre famílias que têm um padrão de consumo semelhante, a percepção da inflação pode variar.
Se os produtos que o consumidor costuma comprar não aumentarem mais do que a média, o impacto para ele será menor em comparação com aquele que está consumindo exatamente a cesta de produtos e serviços com maior variação de preços.
Estes pontos esclarecem a nossa sensação de que a inflação lá em casa é muito maior. Pois então, lanço um desafio a você: anote todas suas despesas fixas mensais e perceba quais são os itens de maior consumo na sua família. Em seguida, compare com as variações de preço em um mês. Isso permitirá que você entenda melhor quais preços te afetam diretamente e, talvez, passe a buscar alternativas de produtos e serviços. Isso é educar-se financeiramente.
Pensem nisso! Até a próxima.
Ana Alves
@anima.consult
Economista, Consultora, Professora e Palestrante
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.