O técnico Vagner Mancinichegou ao limite com o elenco do Ceará. A sequência de quatro jogos sem vitória contra adversários fracos tecnicamente foi o estopim: não conseguia extrair mais nada. E esse é um ponto que justifica a decisão, apesar de compreender que o treinador não é o maior culpado.
A avaliação do trabalho é complexa pelo contexto político e financeiro da instituição. Não dá pra falar do ano sem ressaltar as contas em atraso, transfer ban (2x), imbróglios jurídicos e a saída de jogadores. Na janela de transferência, inclusive, quando todos sabiam da busca por reforços, o time estava bloqueado.
Assim, é óbvio que a gestão alvinegra é a maior responsável. Uma das missões da diretoria é fornecer a melhor condição possível para a comissão técnica e os jogadores, o que não acontece diante de todos os problemas externos. Além de treinar, Mancini ainda precisou blindar o elenco.
O contraponto ao treinador é o desempenho. Na escalada do ano, a equipe involui: deixou de ser competitiva e marcada por muita entrega como na conquista do Campeonato Cearense para detentora de uma apatia coletiva, sem ideias na parte ofensiva.
O resultado (ou a falta de) promoveu a queda gradativa na tabela de classificação da Série B, saindo de G-4 para a 11ª posição. E terminou superada em campo por times como Ponte Preta e Brusque, ambos inferiores tecnicamente e próximos do Z-4. Logo, a demissão é uma opção racional, desde que não seja a única alternativa adotada na crise.
É fato que o elenco necessita de mais reforços com urgência. A estabilidade externa também é imprescindível, com o foco da gestão voltada para o futebol e não para a disputa política. Caso contrário, teremos apenas a repetição de um novo ciclo de fracasso e trocas constantes de comando, sem nenhuma solução, como ocorreu nas temporadas passadas em Porangabuçu.