Com sondagens do exterior, Ceará planeja evento para debater sobre SAF em 2025
O tema será discutido no clube ao longo de 2025
A diretoria do Ceará planeja um evento para debater o tema da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) com membros do Conselho Deliberativo. Com sondagens da Europa e da Arábia Saudita, conforme apurado pelo Diário do Nordeste, o plano é organizar um debate ao longo de 2025. A iniciativa foi revelada por Danilo Bittencourt, atual CEO alvinegro, em uma participação no podcast Jogada do Vozão, do Sistema Verdes Mares.
"Já recebemos sondagens de alguns bancos de investimento querendo trabalhar a estruturação de uma SAF no clube, de investidores interessados, alguns grupos, que queriam apresentar o modelo, mas isso precisa ser debatido amplamente no Conselho, para criar comissões e essas comissões trabalharem, desenharem o melhor modelo, o que o clube quer, pois pode ter uma SAF com investidor, que seja controlador ou não, pode ser um modelo de gestão, então todos funcionam desde que estejam bem delimitados. Já ouvimos algumas propostas sim, outros investidores nos procuraram direto: ‘E aí, vocês não possuem interesse?’. Até gente de fora do país, que busca um intermediário, conhece alguém do clube. A gente é um time muito interessante, desde 2018, de oito Campeonatos Brasileiros, passamos dois na Série B e seis na Série A, temos torcida de massa também [...] Então somos um clube interesse, mas o que a gente planeja para esse ano? Vamos trazer pessoas que já passaram por isso (da SAF), escritórios de advocacia, empresas que já fizeram isso, bancos que já tiveram essa intermediação, e fazer um evento, mostrar os prós e contras, tudo que está envolvido para debater isso exaustivamente com o Conselho Deliberativo. Caso achem que é o ideal, vamos seguir nisso. Caso não, vamos continuar com o modelo associativo”.
A SAF é um novo mecanismo no futebol brasileiro que transforma os clubes em um tipo de empresa, abrindo o capital e permitindo uma venda de ações na bolsa de valores. O sistema foi oficializado no Brasil no dia 6 de agosto de 2021, via Lei 14.193/2021, que estimula a migração dos times, a maioria sendo associação civil sem fins lucrativos como é o caso do Ceará, para o novo modelo de SAF.
Nos últimos anos, diversos clubes passaram pelo processo, a exemplo de Bahia, Cruzeiro, Fortaleza e Vasco, cada um com uma especificidade própria e um modelo de gestão, que pode até envolver o sócio majoritário da SAF, ou seja, o “dono”. Em todos os casos, no entanto, necessita de uma votação em Assembleia junto ao Conselho Deliberativo para aprovação e requer uma alteração estatutária.
"Isso precisa ser discutido no âmbito do Conselho. Acho que é um modelo que vem acontecendo no futebol em geral, em Portugal, quase todos os clubes viraram, então tem modelo na Espanha, Alemanha, Inglaterra, mas não é a salvação do mundo. A salvação é administrar bem, gastar exatamente o que gera de receita e investir bem. No Brasil, quem são os principais financeiramente? Palmeiras e Flamengo, que são associações. Na Espanha? Barcelona e Real Madrid, que não são SAF. O que faz o time gerar receita é administrar bem, seja SAF ou Associação. A diferença é que na SAF tem uma empresa que controla, com obrigações maiores, mecanismos de solução de dívida que foram criados na legislação, mas uma associação não precisa passar por isso obrigatoriamente. Por exemplo, ninguém pensa em uma recuperação judicial no Ceará, nossa dívida é controlada, relativamente pequena, tem clubes que a SAF é a única saída, como foi no Cruzeiro, que precisou de recuperação, era uma SAF que tinha de acontecer, mas no Bahia, nem se falou nisso, era até um medo dos credores. No fim, o grande segredo de verdade é apenas administrar bem".
Deste modo, a tendência é que a temática se torne mais discutida internamente no Ceará. Vale ressaltar que não há um movimento interno na cúpula alvinegra que deseje, de fato, a SAF, mas a gestão compreende que o assunto precisa ser melhor discutido para avaliar as possibilidades.