A inflação voltou a morder o bolso do cearense

Escrito por
Alberto Pompeu producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 15:51)
Legenda: A farinha, o feijão e o pãozinho do café da manhã custam mais a cada semana.
Foto: Fabiane de Paula

A inflação oficial voltou a subir em setembro, registrando alta de 0,48%, revertendo a queda de agosto e mostrando que os preços estão mais vivos do que muitos imaginavam. Em 12 meses, o IPCA acumula 5,17%, bem acima do teto da meta de 4,5%.

Esses números não são apenas estatística: são o retrato do que está acontecendo na sua vida. Sua conta de luz, o aluguel e até os produtos da feira já estão mais caros.

E o salário que você recebe não acompanhou essa escalada.

Um exemplo que dói no Nordeste

A conta de luz foi o principal vilão do mês. O item de energia elétrica residencial subiu 10,31%, o maior peso individual dentro do índice, impulsionado pelo fim do chamado "bônus Itaipu", que vinha reduzindo temporariamente o valor das contas.

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No Ceará, o impacto é ainda mais sentido. Uma família que gastava R$ 280 de energia viu a conta saltar para algo perto de R$ 310. São R$ 30 que evaporaram do orçamento, dinheiro que deixa de ir para a feira, o gás ou a escola dos filhos.

E não para por aí. O transporte público em Fortaleza teve reajustes recentes, e os alimentos continuam pressionando o bolso. A farinha, o feijão e o pãozinho do café da manhã custam mais a cada semana.

O peso que todo mundo sente

Quando energia e habitação sobem, praticamente tudo acompanha. Padarias pagam mais luz, supermercados repassam custos, fretes ficam mais caros. A inflação é como um vazamento: silenciosa, mas constante.

Para quem depende de bico ou trabalho informal, realidade de quase metade dos trabalhadores nordestinos, o impacto é devastador. A renda oscila, mas as contas chegam todo mês, sempre maiores.

Quatro passos para reagir sem sufocar

  1. Anote cada gasto por uma semana. Um simples caderninho pode revelar para onde o dinheiro escapa.
  2. Corte dívidas caras com urgência. Cartão de crédito com juros de 400% ao ano é uma armadilha. Negocie ou quite.
  3. Faça os juros altos trabalharem a seu favor. Com a Selic em 15% ao ano, um CDB que renda 100% do CDI oferece cerca de 14% anuais, quase o triplo da inflação. Mesmo com R$ 50 por mês, comece.
  4. Monte uma reserva de emergência. Comece pequeno, mas comece. Três meses de despesas guardadas são a melhor proteção contra imprevistos.

A decisão que muda tudo

A inflação voltou para lembrar que quem não se prepara paga o preço duas vezes: na alta dos produtos e na falta de segurança financeira. Mas agir é o que separa quem sofre de quem prospera.

O mecânico João, de Fortaleza, me contou: "Comecei guardando R$ 80 por mês há dois anos. Hoje tenho R$ 2.400 guardados e durmo tranquilo. Quando a geladeira queimou, não precisei do cartão."

Você pode estar em desvantagem hoje, mas pode virar o jogo com pequenas decisões diárias. O cearense é resiliente por natureza. Agora é hora de transformar essa força em inteligência financeira.

A próxima alta de preços virá. Mas quem se prepara não sente o golpe, colhe os frutos.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor. 

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