Muito vem se discutindo sobre os milhões recebidos por Juliette. Não aqueles em dinheiro, como parte do prêmio por ser a vencedora do BBB21, mas os seguidores que agora a acompanham via rede social.
Um completo fenômeno, a participante paraibana vem acumulando número exorbitantes nas redes sociais. Mesmo sendo este um desejo de tantos criadores de conteúdo, influencers, celebridades ou canais de comunicação, ser seguida por tanta gente em um curto intervalo de tempo e pouca preparação para tal, vai exigir de Juliette uma capacidade ainda maior do que a que precisou para lidar com os companheiros de casa.
Os 100 dias dentro do BBB não foram fáceis para Juliette, sabe-se bem. "Aqui fora", criou-se um verdadeiro multirão de pessoas ávidas em entregar-lhe a compensação por tanta exclusão e julgamento. Com ela dentro de um jogo, era possível sentir-se responsável pelos rumos de sua vida. Sentava o dedo na votação, reunia apoio e também lançava aquele olho gordo pro coleguinha se sair mal. Ao final, dependia do público, então, o destino da advogada e maquiadora.
Porém, o jogo acabou, mas Juliette segue com pelo menos 27 milhões de pessoas sedentas por acompanhá-la. Hoje, a maquiadora só perde para Kylie Jenner e o Cristiano Ronaldo em engajamento no Instagram.
E, mesmo com todas as vantagens que isso traz, principalmente financeiras, não é fácil lidar com o peso e a pressão criadas por usuários das redes sociais. Ainda mais com o arauto de bondade ao qual se foi criado ao redor da personalidade da paraibana.
Imagina, todos nós vivemos sob a pressão de sermos aceitos. Seja por nossos pais, pelos colegas da escola, pelos amigos no trabalho, por aquele amor que desejamos tanto que seja correspondido. Viver em sociedade (ainda que, hoje, mais distante do que gostaríamos) é querer ser aceito. Tanto que o maior medo dos participantes do BBB é sair com a chamada rejeição (e até, quem sabe, precisar de um documentário para tentar justificar suas atitudes e buscar a empatia). Nessa edição, em especial, essa característica foi gritante.
Juliette hoje terá que trabalhar com a busca pelo equilíbrio em quem ela é e quem ela irá mostrar em seus canais. De que forma poderá balancear as próprias expectativas, os próprios desejos, com os de quem a segue.
Acostumados a acompanhar seus passos e serem responsáveis pelo seu destino, é possível que os seguidores de Juliette, especialmente aqueles mais engajados, cobrem dela a saciedade do próprio desejo de sentir-se próximo a ela.
Não são poucas as histórias de influencers e criadores de conteúdo que sofrem ou sofreram de transtornos emocionais. Whindersson Nunes, por exemplo, que fez carreira no YouTube e tornou-se milionário, precisou se afastar para tratar de depressão. Sua ex-mulher, Luisa Sonza, foi massacrada nas redes quando decidiu assumir um novo relacionamento. Sofreram pela quebra de expectativas dos outros.
Não esqueço um casal que acompanhava no Instagram. Jovens, pouco mais de 20 anos. A moça, infelizmente, faleceu de câncer. O rapaz, que se dedicou ao lado dela durante todo o tratamento, seguiu a vida e, mais de um ano depois, iniciou um novo namoro. Os seguidores que criaram na própria mente uma história de amor eterno, não perdoaram a quebra da narrativa que haviam criado para os dois. Até hoje, sei lá quantos anos depois, o rapaz segue recebendo comentários negativos por, veja só, ter seguido a vida e buscado a própria felicidade independente dos desejos de quem o acompanhava via redes sociais.
A lógica da hiperprodutividade dos algoritmos, somada à cobrança da audiência sendo carregada por alguém comum, é uma missão pesada e pela qual Juliette precisará se cuidar. A paraibana terá suas escolhas acompanhadas e, provavelmente, questionadas. Visual, conteúdo e até relacionamentos passarão pelo aval de seguidores. E, se desagradar, vai precisar cuidar do próprio psicológico para não se abalar.
Com acompanhamento e cuidado, rodeada pelo trabalho de profissionais, a paraibana poderá conseguir seguir seus sonhos sem precisar tornar a própria vida em um 'Show de Juliette'.