Acusados da morte de Marielle Franco seguirão presos, decide Justiça
Decisão judicial foi tomada após audiência de custódia
O ex-policial militar Élcio Queiroz, o sargento da Polícia Militar reformado Ronnie Lessa e Alexandre Mota vão continuar na prisão. A decisão judicial foi divulgada por volta de 15h30 desta quinta-feira, após uma audiência de custódia em Benfica. Élcio e Ronnie teriam envolvimento nas mortes da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
Alexandre foi preso em flagrante por abrigar 117 fuzis em sua casa. Já Ronnie foi detido em flagrante por ser dono de peças de fuzis encontradas com Alexandre e teve sua prisão mantida pela Justiça. Assim como Alexandre e Ronnie, Élcio, preso em flagrante por posse de duas pistolas, também teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Nas investigações da morte de Anderson e Marielle, Ronnie é apontado como possível autor dos disparos que mataram os dois.
Segundo Henrique Telles, advogado de Élcio, ele será levado para a DH é, somente nesta sexta, será conduzido ao Complexo de Gericinó.
"Infelizmente, tanto a polícia quanto o Judiciário estão contaminados pela pressão sobre o caso Marielle. Em respeito à Marielle, temos que prender o criminoso. Meu cliente estava com duas pistolas que ele adquiriu quando era militar e estavam sem munição", disse o Telles.
As audiências de custódia aconteceram em razão da posse de armas de uso restrito por parte dos acusados e não por conta da morte da parlamentar. Eles saíram em um comboio de cinco carros da Polícia Civil, ao meio-dia, da Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Os três seguirão de Benfica para Delegacia de Homicídios, de onde devem ser encaminhados para os respectivos presídios, de acordo com os advogados. Fernando Santana, que defende Ronnie Lessa, disse que pedirá que o seu cliente seja levado para no Batalhão Especial Prisional (Bep), em Niterói.
Nesta quarta, Ronnie e Elcio foram ouvidos, na Delegacia de Homicídios (DH) pelo flagrante de posse de arma, informou a Polícia Civil.
Elcio tinha duas pistolas de uso restrito que não estavam em situação regular, informou assessoria da Polícia. Já Ronnie era dono de 117 fuzis que foram apreendidos, na operação desta terça-feira, em uma casa no Méier, na Zona Norte do Rio. O dono da residência onde o armamento foi encontrado, Alexandre Mota de Souza, foi preso em flagrante.
Ronnie Lessa e Elcio Queiroz tiveram prisões preventivas decretadas pelo juiz do 4º Tribunal do Júri, Gustavo Kalil, após denúncia da promotoria. Segundo a denúncia do Ministério Público (MP) do Rio, Lessa teria atirado nas vítimas, e Elcio era quem dirigia o veículo usado na emboscada.
Lessa e Elcio foram denunciados pelo assassinato e também pela tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro e sobreviveu ao ataque. A ação foi batizada de Operação Lume, uma referência ao local no Centro de mesmo nome, na Rua São José, onde Marielle prestava contas à população sobre medidas tomadas em seu mandato. Ali ela também desenvolvia o projeto Lume Feminista.
As defesas de Ronnie Lessa e Elcio Queiroz negaram o envolvimento dos respectivos clientes no assassinato da vereadora Marielle Franco e descartaram a possibilidade de fazer delação premiada. O advogado de Elcio Queiroz, Henrique Telles, afirma que levará testemunhas que comprovam que, no momento do crime, Elcio Queiroz não estava no veículo.
"Meu cliente é completamente inocente. Tem hipóteses de que ele estaria dirigindo o carro, é muito hipotético. Há testemunhas de que na hora e no momento assassinato da vereadora Marielle que viram meu cliente. A defesa vai provar", afirma Henrique Telles, advogado de Elcio Queiroz.
Já Fernando Santana, advogado de Ronnie Lessa, questionou a investigação que, segundo ele, apresentou versões diferentes ao longo da investigação:
"No início tinha mandante, hoje o MPRJ fala que pode não ter. Antes eram três pessoas no carro, agora são só dois. Ele está muito indignado. Está muito chateado. Ele nega de forma veemente. Ele nega que tenha feito as pesquisas sobre a Marielle. Ele nega de forma veemente (o crime). Ele diz que nunca ouviu falar de Marielle", contou Santana.
A defesa de Lessa também negou que os 117 fuzis sejam do sargento reformado:
"Não foi encontrado nada com ele. Essa prisão em flagrante não faz sentido. Ele nega que as armas sejam dele", afirmou o advogado.
Santana, porém, não soube explicar o patrimônio do Policial Militar.
"Com relação ao patrimônio eu não tenho como falar. Estou aqui para falar sobre o caso Marielle", concluiu.