Apresentando falta de ar, tremor e crise de choro, 26 estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, em Casa Amarela, Zona Norte do Recife, passaram mal na tarde da última sexta-feira (8).
Eles foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). De acordo com os médicos do programa, os jovens tiveram "crise de ansiedade". Nenhum deles, porém, precisou ser levado para o hospital.
Ao todo, 16 profissionais em seis ambulâncias e duas motocicletas foram mobilizados para o atendimento.
Conforme apuração do G1 com os pais dos alunos, o clima foi de espanto. Uma das mães ficou assustada quando o filho contou o que aconteceu na escola.
"Ele disse que tinha vários alunos passando mal e que estavam dizendo que era crise de ansiedade. Havia gente deitada, tremendo, desmaiada", descreveu. Ela afirmou que os estudantes fizeram uma refeição entre 15h e 15h30. Depois disso, começaram a sentir falta de ar, muito choro e desmaio.
Um estudante relatou também que a crise de ansiedade desencadeou uma reação em cadeia que percorreu várias turmas da escola. Em poucos minutos, alunos de outras salas de aula começaram a gritar, e os gritos podiam ser ouvidos pelos corredores, numa espécie de "adoecimento partilhado".
Possíveis causas
Por nota, a Secretaria de Educação e Esportes informou que os estudantes receberam atendimento médico na unidade escolar e foram liberados após a chegada dos responsáveis. A pasta acrescentou que os alunos estavam em semana de provas e, após o ocorrido, as duas últimas provas da sexta-feira (8) foram canceladas e serão remarcadas.
Também destacou que a escola realiza um trabalho voltado à educação socioemocional dos alunos, incluindo a orientação dos jovens e dos pais sobre o tema.
Segundo especialistas ouvidos pelo G1, é impossível não relacionar o ocorrido na escola com a pandemia da Covid-19. Alguns fatores "encadeados" podem ter servido de motivo para a crise de ansiedade. Basta lembrar que os jovens voltaram a estudar presencialmente após muito tempo tendo aulas e provas remotas; nesse retorno, passaram a ter as mesmas cobranças de antes da pandemia.
“Um gatilho acionou uma crise de ansiedade coletiva. Em qualquer situação de crise social muito severa, isso pode acontecer. Essa volta às escolas foi como se tivesse sido um período de férias, mas não foi. Foi uma parada grave, uma crise social grave. Então, não existe um fator único”, explicou a psicóloga.