Pai de adolescente de 13 anos que matou mãe e irmão pede à Justiça desinternação do filho
Este é o primeiro depoimento do pai sobre o caso
O pai do adolescente que matou a tiros a mãe e o irmão mais novo, na Paraíba, foi ouvido em uma audiência de instrução e pediu a desinternação do filho, nesta sexta-feira (1º). Esta foi a primeira vez que o genitor, um policial reformado, prestou depoimento, pois ele não foi ouvido pela Polícia Civil, que já encerrou as investigações sobre o caso.
Segundo o advogado de defesa, Aylan da Costa Pereira, outras pessoas que conviveram com o adolescente em instituições como igreja e escola, também foram ouvidas na audiência. O caso segue em segredo de Justiça.
"O pai corroborou com o que já tinha dito no áudio que foi divulgado amplamente pelas redes sociais nos últimos dias, onde ele diz que o filho não agiu em sã consciência pelos atos cometidos. As testemunhas da defesa, representantes da igreja que a família frequentava, vizinhos, funcionários da escola, disseram que estão esperando a possível desinternação do menor onde ele será bem acolhido e bem recepcionado para que tenha uma vida normal em comunidade".
"Ao final da audiência, houve alguns requerimentos pelo Ministério Público e também pela defesa. Após isso, essas diligências, o juiz abrirá prazo para apresentação de alegações finais", afirma o advogado.
O menino de 13 anos foi transferido no dia 20 de março para o Centro Especializado de Reabilitação de Sousa, também no Sertão da Paraíba. O pai do adolescente, que também foi gravemente ferido, permanece internado no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande.
O policial reformado saiu da Unidade de Terapia Intensiva e foi transferido para a enfermaria. A previsão é de que ele tenha alta é até o próximo domingo (3), mas o pai, que é policial reformado, ainda está sem conseguir movimentar e sentir os membros inferiores.
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Entenda o caso
Conforme o delegado Renato Leite, o pai do adolescente havia saído para comprar um medicamento para a mãe, que dormia por estar com dor de dente. Antes de sair, o homem pegou o celular do filho como punição pelas notas baixas.
Sem concordar com a situação, o menino pegou a arma de fogo do pai e efetuou o disparo contra a mãe enquanto ela dormia.
O irmão mais novo, assustado com o barulho, ao ver a situação, começou a brigar com o jovem, que correu atrás do menino de 7 anos para atirar nele também. Neste momento, o pai voltou.
"O pai chegou, tentou intervir, que ele soltasse a arma, e ele terminou efetuando um disparo contra o pai, que caiu na sala. O irmão, ao ver o pai caído, foi tentar socorrê-lo, o abraçou, foi quando ele (o adolescente) atirou no irmão pelas costas", relatou o delegado.
Jovem fingiu que tinha sido um assalto
Após efetuar os disparos contra os três, o jovem guardou a arma onde costumava ficar, chamou o Samu e tentou fazer parecer que havia acontecido um assalto.
"Depois de todas as diligências que fizemos, a gente conseguiu elucidar esse caso. A arma foi apreendida, foi encaminhada pra perícia. O menor aguarda num local adequado, por ser menor, a manifestação judicial e do Ministério Público".
Pai culpa amigos e jogos por fatos ocorridos com filho
Um áudio do sargento baleado pelo filho foi repassado à imprensa, com um depoimento do policial sobre o garoto. O pai do adolescente relatou ter motivações para acreditar que jogos eletrônicos, séries e comentários de amigos incentivaram o filho a atirar na família. "Eu atribuo essa atitude a alguns jogos que ele estava assistindo. Free Fire, aquela série Naruto".
O sargento disse ainda ter ouvido comentários de amigos do garoto em ir contra as ações de professores. "Eu ouvi algumas conversas de uns colegas falando em oprimir os pais, os professores. Tudo isso foi influencia. Ele é um menino bom e obediente".