Moradores de Canoa Quebrada denunciam deslizamentos em cemitério após chuvas

Em janeiro, ossadas ficaram expostas após chuvas fortes causarem deslizamentos no local.

Escrito por Redação ,

Os moradores da Praia de Canoa Quebrada, localizada na cidade de Aracati, no litoral do Ceará, alertam para o avanço de uma erosão no cemitério antigo da vila. A situação, que se estende desde o começo do ano, se agravou após as fortes chuvas que acometeram a região na última semana. Em janeiro, ossadas ficaram expostas após chuvas fortes causarem deslizamentos no local. O terreno fica nas proximidades das falésias de Canoa, um dos principais atrativos turísticos. 

O bugueiro Adolfo Alves acompanha o caso há anos e afirma que o problema é antigo. “Faz tempo que está assim. Toda chuva que dá, só piora”, relembra. Ele lamenta que o equipamento, conhecido por homenagear personalidades de Canoa, não esteja recebendo atenção das autoridades. “Muita gente importante está ali. Meu avô, Adolfo Alves, foi pioneiro no turismo aqui e está enterrado no cemitério antigo. Se der mais uma chuva, é capaz de alcançar a catacumba dele”, conta. 

Ainda para Adolfo, a drenagem da região precisa ser refeita para evitar que a erosão avance ainda mais. “Se não mudar, já já alcança mais na frente e aí cai todas as catacumbas”, avisa. O bugueiro relembra a ocasião em que a Prefeitura de Aracati visitou o local após denúncia similar, feita no começo do ano. “O secretário foi lá, olhou, mas não fizeram nada”, afirma.

De acordo com o secretário da Infraestrutura de Aracati, Marcos Cavalcante de Souza, o processo licitatório para obras na região do cemitério já foi finalizado. Nas próximas semanas, ele afirma que a prefeitura deve contratar a empresa ganhadora e dar ordem de serviço. Serão feitas drenagens e um muro de contenção. Além disso, quatro caixas de captação de água devem ser construídas no local. A licitação tinha preço estimado de cerca de R$ 400 mil.

Devido aos deslizamentos, corpos acabavam sendo desenterrados. Na semana passada, a prefeitura chegou a receber uma denúncia de que haviam ossadas expostas novamente. Após visita, foi constatado que não existiam corpos à vista, de acordo com o secretário. Para cada movimentação no local, é preciso pedir autorização junto à Polícia Civil e ao Instituto Médico Legal (IML) para mover corpos até o cemitério ativo da cidade. “Como é um caso especial, vamos pedir celeridade da empresa”, diz Marcos. Segundo ele, são previstos 120 dias de obras.

Outras obras

A comissão responsável pela obra na região do cemitério velho deve continuar trabalhando para resolver problemas que assolam outras falésias do município, de acordo com Marcos. Formado por secretários da Infraestrutura, Meio Ambiente, Turismo e por especialistas na área da construção civil e ambiental, o grupo também já se empenhou nas obras de um segundo local, que já tem licitação em fase final de processamento. Neste caso, também em Canoa Quebrada, a passagem está impossibilitada devido a erosão. 

Outros dois locais também estão sendo estudados para receberem obras. No entanto, segundo Marcos, existem dificuldades, como a estrutura das falésias ou proximidade de pousadas, que impedem a entrada de máquinas e pessoas para trabalhar na área. O processo, portanto, deve ser mais demorado. Uma dessas obras é da passarela de Canoa Quebrada, que em 2019 teve a remoção solicitada pelo Ministério Público devido ao risco de ruína.