Rede hospitalar estadual garante serviços de alta complexidade no Ceará e moderniza equipamentos
Equipamentos novos foram adquiridos para o HGF. Em outras unidades, como Hospital de Messejana, HRSC (em Quixeramobim) e HRC (em Juazeiro do Norte) tratamentos complexos salvam vidas de pacientes do Ceará e de outros estados
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença ou enfermidade. Mas como completo bem-estar físico, mental e social. Oferecer acesso aos serviços de saúde, do mais simples ao mais complexo, aos cearenses mais perto de casa é um dos objetivos da Secretaria Estadual da Saúde do Ceará (Sesa).
A regionalização é um princípio para organizar melhor os serviços de saúde possibilitando que um número maior de pacientes sejam atendidos de forma mais resolutiva no próprio município ou na mesma região onde moram. Ao investir na execução das ações de saúde de maneira regionalizada, a Sesa aproxima e facilita o acesso dos cearenses à rede estadual.
Ampliar os serviços de alta complexidade no interior do Ceará também faz com que a maioria das demandas sejam solucionadas de forma descentralizada e sem sobrecarregar a rede hospitalar pública de Fortaleza. Dessa forma, unidades como o Hospital Geral de Fortaleza (HGF) conseguem atender de maneira mais resolutiva os pacientes que recebe. Recentemente, a unidade, que é um dos maiores hospitais da rede estadual de saúde, passou a contar com equipamentos novos que permitirão tratamentos mais modernos.
Renovação Tecnológica
O HGF recebeu recentemente dois microscópios oftalmológicos e um microscópio para neurocirurgia por meio do Programa de Modernização Tecnológica do Ceará (PROMOTEC II) da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará (Secitece). Com os novos aparelhos, a unidade de atenção terciária vai possibilitar um melhor e mais seguro tratamento aos usuários.
"Demos início à renovação do parque tecnológico do HGF. Esse é mais um projeto da SESA junto ao Governo do Estado do Ceará que prevê a aquisição de novos equipamentos com tecnologia avançada”, explica a diretora técnica do hospital, Judith Caetano.
A diretora-técnica do HGF celebra a chegada dos microscópios oftalmológicos que vão agilizar o diagnóstico e as cirurgias relacionadas às doenças oculares. A unidade também recebeu um microscópio neurocirúrgico que vai ampliar a visão na realização de cirurgias vasculares intracranianas, de tumores cerebrais e intramedulares.
“O HGF é o segundo hospital público em todo o Brasil a ter esse tipo de equipamento. Isso vai possibilitar melhoria no atendimento de nossos pacientes e também a formação de profissionais com capacitação diferenciada”, pontua Judith Caetano. O setor de neurocirurgia do HGF é um dos poucos do Brasil a poder realizar procedimentos de alta complexidade, como intervenção de tumor cerebral, aneurisma cerebral, correção de malformação de chiari (malformação no crânio) e de malformação arteriovenosa em 3D pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Somos referência Norte e Nordeste em neurocirurgia, e o Kinevo (microscópio eletrônico) realiza a magnificação cirúrgica e melhora a luminosidade, podendo assim ser visualizado um maior número de lesões, com aumento no êxito cirúrgico”, explica. Com os microscópios oftalmológicos (Lumera 700) podem ser realizadas cirurgias em 3D com menor tempo cirúrgico e mais rápida recuperação pós-operatória. O Hospital Geral de Fortaleza é referência no tratamento de glaucoma e retinopatia diabética.
Transplante pediátrico
Outro serviço altamente especializado disponível na rede hospitalar estadual do Ceará é o transplante pediátrico, que já possibilitou que 70 crianças fizessem essa operação no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes nos últimos 18 anos. A unidade é referência no tratamento de cardiopatias congênitas complexas, cardiopatias adquiridas e transplante cardíaco pediátrico.
A coordenadora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do HM, Klebia Castelo Branco, ressalta que a cardiopatia congênita é considerada a terceira maior causa de morte de bebês antes de completar 30 dias. Isso corresponde a cerca de 10% das causas de óbitos infantis e de 20% a 40% das mortes que são decorrentes de malformações. A doença pode ser diagnosticada ainda durante o pré-natal ou no período neonatal. Quanto mais cedo ocorre a descoberta, mais possibilidades a criança têm de receber o atendimento correto e no tempo necessário, explica a cardiologista.
O ambulatório de cardiologia pediátrica do Hospital de Messejana atende, a cada mês, cerca de 500 pacientes de todo o Ceará e de outros estados do Norte e Nordeste do Brasil. Para atender a essa demanda, a unidade conta com uma equipe multiprofissional especializada. Mensalmente a enfermaria registra uma média de 60 internações e cerca de 30 cirurgias por mês. O serviço possui 20 leitos de enfermaria, duas Unidades de Terapia Intensiva, uma pré-operatória com nove leitos e uma pós-operatória com oito leitos.
Além disso, o HM oferta uma série de exames complementares como ecocardiografia, hemodinâmica, tomografia computadorizada, arritmia e marcapasso, destinados ao cuidado integral dessa parcela da população. Todos os serviços são gratuitos.
Interior
Com a interiorização, os cearenses também passaram a contar com o melhor acolhimento aos pacientes. Contar com serviços de alta complexidade mais perto de casa pode representar mais chances de sobreviver ao precisar, por exemplo de internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O funcionamento do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, possibilitou que mais pacientes tivessem acesso à atenção terciária sem precisar sair da região de saúde onde a unidade está localizada.
O hospital é o terceiro de alta complexidade construído pelo Governo do Estado no interior cearense, os outros dois são o Hospital Regional Norte (em Sobral) e o Hospital Regional do Cariri (em Juazeiro do Norte). O HRSC conta com um total de 221 leitos ativos e funciona desde 2016.
“O Hospital Regional do Sertão Central trouxe serviços de alta complexidade que a região não tinha. O grande marco da região foi o surgimento da UTI Adulto geral e UTI Neonatal, que fez com que as outras áreas seguissem junto. Com o funcionamento das duas UTIs, conseguimos a aumentar a complexidade dos demais serviços”, diretor de processos assistenciais do HRSC, Cristiano Rabelo.
Entre outros serviços, os cearenses dos vinte municípios do Sertão Central contam com Centro de Traumatologia e Ortopedia (29 leitos), Unidade de AVC agudo (10 leitos), Unidade de AVC subagudo (10 leitos), Clínica Obstétrica (25 leitos), Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal (10 leitos), Unidade de Terapia Intensiva (UTI adulto) (20 leitos), Unidade Terapia Intensiva (UTI) Covid (20 leitos). A unidade também conta com um Centro Cirúrgico Geral, Serviço de Neurocirurgia, Centro Cirúrgico Obstétrico, Ambulatório e Serviço de Imagem. O setor de Neurocirurgia começou a funcionar em janeiro de 2020.
“O bloco cirúrgico do hospital, que engloba o centro cirúrgico geral, clínica cirúrgica e a traumatologia realizam cirurgias altamente complexas. Um exemplo é a nossa linha de fêmur. Paciente com esse tipo de fratura muitas vezes só resolvia seu problema em Fortaleza. Hoje nós já realizamos entre 40 e 50 cirurgias de fêmur por mês”, ressalta Cristiano Rabelo.
O Hospital Regional do Sertão Central é também um dos centros de atendimento de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no interior do Estado, juntamente com o HRC, em Juazeiro do Norte. Desde a abertura do serviço em julho de 2018, a unidade já realizou 1.593 atendimentos até outubro de 2020, com uma média de dois novos atendimentos de AVC por dia.
Cariri
O HRC, unidade da rede estadual instalada em Juazeiro do Norte, foi a primeira de alta complexidade instalada no interior, pelo Governo do Estado do Ceará. A diretora geral do HRC, Demostênia Rodrigues, explica que, por ser referência no Trauma e AVC Agudo, a unidade conta com um estruturado parque tecnológico composto por ressonância magnética, tomografia, equipamentos portáteis de raio X, entre outros. Entre as especialidades oferecidas estão: Clínica Geral, Cirurgião Geral, Ortopedia, Neurocirurgia, Vascular e Buco Maxilo Facial.
O hospital atende toda a população dos 45 municípios da macrorregião do Cariri, aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, formada pelas regiões de saúde do Crato, Juazeiro do Norte, Brejo Santo, Icó e Iguatu.
A cada 24 horas, três novos pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) agudo, dão entrada na emergência do Hospital Regional do Cariri (HRC). Por ano são realizados cerca de 1.000 atendimentos a vítimas do AVC. A unidade de AVC do HRC faz parte do projeto de descentralização do Programa de Atenção Integral e Integrada ao AVC no Ceará, iniciativa que tem reduzido de maneira significativa o número de óbitos.
“Por ser emergência porta aberta 24h, o nosso serviço é de fundamental importância para a população dos 45 municípios da macro Cariri. Nosso atendimento chega a quase 100 pacientes por dia. Com a implantação dos nossos serviços, os pacientes críticos não precisam mais serem encaminhados para Unidades da capital, garantindo um atendimento mais rápido, minimizando os óbitos e aumentando as chances de recuperação de sua condição de doença”, destacou a diretora geral do HRC.
Para pacientes do trauma a unidade oferece o serviço de cirurgia plástica reparadora, que pode evitar, por exemplo, a amputação de membros dos pacientes, em sua grande maioria pessoas entre 25 a 40 anos de idade. Outro serviço importante para a população realizado no Hospital Regional do Cariri é a Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE). Um procedimento feito para examinar o fígado, vesícula biliar, vias biliares e o pâncreas. Na parte de clínica médica o HRC atende ainda patologias neurológicas.
A Sesa ressalta que a rede pública estadual vem sendo ampliada para atender mais e melhor, oferecendo serviços de alta complexidade aos cearenses através do Sistema Único de Saúde em todas as regiões do estado.