Atividade física regular ameniza efeitos do isolamento social
Em tempos de pandemia, profissionais explicam como os exercícios contribuem para melhorar a saúde física e mental.
Quarentena. Confinamento. Isolamento social. Por si só, essas palavras já remetem a um contexto de ameaça à saúde física e mental das pessoas. Para atravessar esse período difícil, cada um precisa adotar estratégias individuais para cuidar do corpo e da mente. E os profissionais garantem que a atividade física regular é uma delas.
É fato que manter a prática constante de exercícios físicos leves ou moderados tornou-se um desafio em meio à quarentena. Mas quem conseguiu, certamente está usufruindo dos benefícios que a atividade proporciona à mente e à imunidade. “A atividade física é uma grande aliada da saúde mental, pois proporciona uma sensação de bem-estar”, afirma o professor Clineu França, Conselheiro do Conselho Regional de Educação Física (CREF5). “Quando nos exercitamos, o nosso corpo libera endorfina, substância natural produzida pelo cérebro durante e após a realização de uma atividade física. A liberação de endorfina, também conhecida como hormônio da alegria, ajuda a relaxar, reduz o estresse e a ansiedade e melhora o humor”, completa o profissional de Educação Física.
No esforço de manter a saúde mental, a atividade física é uma aliada das emoções advindas do período pandêmico. “Colocar o corpo em movimento é fundamental para manter o equilíbrio entre os nossos sistemas. Por meio da atividade física, é possível garantir o aumento da disposição para realizar outras tarefas, fortalecer o sistema ósseo e muscular, melhorar a flexibilidade e a capacidade funcional do nosso corpo. Com essa prática, ocorrerá a melhoria da qualidade do sono, do humor, dos quadros depressivos, da autoestima e da sensação de bem-estar, além da redução da ansiedade e do estresse”, argumenta Clineu França.
Além da sensação de bem-estar gerada pela liberação de hormônios, manter a atividade física regular garante o bom condicionamento físico para realização de tarefas diárias com vigor e energia. “Estar bem condicionado fisicamente confere ao indivíduo a capacidade de executar tarefas do cotidiano sem o risco de lesões, com menor esforço e ainda com maior rendimento. Mas para obter um bom condicionamento físico, é preciso apenas manter a periodicidade ou a regularidade na prática de exercícios. Isso vai possibilitar uma vida mais plena com saúde e melhor qualidade de vida, mesmo em tempo de pandemia”, destaca o professor.
Linha de defesa fortalecida
Em relação à imunidade, Adriano Loureiro, Presidente da Comissão de Educação Física e Saúde do CREF5, explica que os exercícios atuam sobre a linha de defesa inata do organismo. “O sistema imune é dividido em linha de defesa inata, na qual o exercício atua, e adaptativa, mas a atividade não atua sobre a segunda”, diferencia.
Embora a atividade física não proteja contra a Covid-19, a prática auxilia a primeira linha de defesa, necessária para o combate a doenças. “O exercício não tem a propriedade de aumentar a produção de anticorpos. Estes são da linha de defesa adaptativa. Somente com apresentação do patógeno, no caso o vírus, é que o organismo começa produzir anticorpos para o combate. A atividade física não faz isso, mas se você tem uma primeira linha de defesa mais forte, tem mais probabilidade de preparar a segunda linha de defesa”, explica Adriano Loureiro.
O professor ressalva que para gerar impacto na imunidade do corpo, os exercícios devem ser leves ou moderados. Se forem intensos, o efeito pode ser contrário. “Se o exercício for extenuante, pode até diminuir a imunidade. Dessa forma, você fica mais suscetível à infecção. O que se recomenda são exercícios moderados regulares”, reforça.
Retorno
Para quem esteve parado durante a quarentena, o retorno gradual é fundamental. E a primeira recomendação é procurar um profissional de Educação Física registrado no CREF5 e fazer uma avaliação para ver como está o nível de condicionamento físico. “As pessoas que estão paradas devem iniciar a atividade de maneira leve a moderada. Quem passou quatro meses parado por conta da pandemia não pode estar no mesmo nível de atividade física que estava antes”, afirma Adriano Loureiro.
Na impossibilidade de ter um profissional de Educação Física acompanhando, deve-se iniciar a atividade de maneira leve, mantendo a regularidade. “O tipo de atividade recomendada é aquela que te dá maior bem-estar, maior satisfação. O importante é se mexer”, reforça o educador físico.