Cobogó: peça de destaque

Nos últimos tempos, o cobogó voltou a ser uma das atrações na nossa arquitetura.

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Legenda: Projeto do escritório Lins Arquitetos Associados
Foto: Acervo Lins Arquitetos Associados/ Divulgação

Um dos destaques do cobogó é se adequar perfeitamente bem ao clima nordestino. Ele foi criado aqui, inclusive, mais especificamente em Recife, por um engenheiro brasileiro, um português e um alemão, em 1920. Com diversos usos e opções de materiais e estilos, a peça é bastante usada na arquitetura e na decoração Brasil afora. Por ser um revestimento considerado de fechamento semiaberto, ele tanto possibilita a entrada de iluminação como de ventilação para a edificação, aponta Alesson Matos, arquiteto e urbanista sócio-diretor da Alesson Matos Arquitetos.

Trata-se de uma estrutura vazada que tem comprimento, largura e altura variáveis, funcionando como um revestimento HD, isto é, high definition, pelas possibilidades de textura que oferece, descreve o profissional. Tais características permitem que o objeto seja usado na separação de ambientes, por exemplo, sem vedar o espaço. “O cobogó dá a possibilidade da entrada parcial de vento e luz, o que é maravilhoso, principalmente para a nossa terra, o Ceará, onde há muito sol e vento, e precisamos ter muito cuidado com o conforto ambiental”, explica o arquiteto e urbanista Alesson Matos.

Diversidade e usos
Ele cita que, em termos plásticos, a peça também é muito vantajosa devido à infinidade de opções que permite, inclusive de acabamento. Pode ser feita de cerâmica, com resultado fosco ou com resultado brilhoso; de concreto pintado, com várias opções de cores e de desenhos; de plástico, de madeira e até de vidro, entre outros materiais.

O cobogó pode ser usado em vedações externas – como divisas de terrenos, muros, garagens – e internas, fazendo divisões de cômodos ou de espaços. Também é empregado como apoio de mesa, apoio de estante, no mobiliário em geral e na proteção de equipamentos e estruturas que ficam externos à edificação, mas que precisam de ventilação ou iluminação parcial. Um exemplo são os aparelhos de ar-condicionado.

Legenda: Projeto do escritório Lins Arquitetos Associados
Foto: Acervo Lins Arquitetos Associados/ Divulgação

“O cobogó foi criado para ser um revestimento de vedação, mas tem diversas possibilidades de uso hoje em dia. Já foi usado como jardineira, por exemplo, para fazer paredes verdes. Existem modelos de cobogó em que é possível colocar plantinhas dentro e fazer um jardim vertical”, acrescenta Alesson Matos.

O arquiteto descreve que o elemento também traz a possibilidade de permeabilidade visual. “Por ser semiaberto, você consegue ver parcialmente através dele. Com isso, na arquitetura é feito o que a gente chama de dramatizar o espaço”, pontua o profissional. O jogo de luz e sombras que se constrói com esse elemento –, por iluminação natural, artificial ou ambas – também permite conferir privacidade ao interior, além de proporcionar incríveis efeitos visuais ao ambiente.

Outras vantagens da peça são a fácil aplicação e a fácil manutenção, a sensação de profundidade, o design moderno e a ligação com a memória afetiva.

História
Segundo o arquiteto e urbanista Alesson Matos, o cobogó vem de uma inspiração da arquitetura árabe, os muxarabis. O cobogó nasceu em 1920, em Recife. Mas quem popularizou a utilização dele foi Lúcio Costa, o arquiteto e urbanista que desenhou Brasília. Assim como ele, outros nomes da arquitetura moderna brasileira utilizavam muito a peça em vários projetos, como Oscar Niemeyer e Affonso Eduardo Reidy. “E essa foi a arquitetura brasileira que teve mais projeção internacionalmente”, afirma o profissional. Tudo isso fez com que o cobogó se tornasse um dos ícones da arquitetura brasileira.

Legenda: Projeto do escritório Lins Arquitetos Associados
Foto: Acervo Lins Arquitetos Associados/ Divulgação