O nascimento do autorama no Brasil

Legenda:
Foto: José Leomar
O autorama foi inventado na Inglaterra, em 1956. Nos Estados Unidos, batizado de Slot Car, já era um brinquedo bastante difundido em 1961.

Conta a história que nessa época, alguns comandantes da Varig trouxeram a novidade para o Brasil, especificamente para Porto Alegre. Já em São Paulo, no mesmo período, um grupo de senhores começou também a se interessar pelo esporte, e com martelos e talhadeiras construíram uma pista montada em um quintal no bairro do Brás. Estava fundada a primeira escuderia do Brasil, a “Scorpius”, local onde treinavam e competiam. Os carrinhos eram preparados por eles mesmos. Dizem que o nome escolhido se justifica, porque todos os integrantes da escuderia eram do signo de escorpião.

Em 1963 a loja Mobral Modelismo do Brasil começou a importar equipamentos do autorama, que passou a ser produzido no mesmo ano pela Brinquedos Estrela, ainda sob licença da fábrica americana A.C.Gilbert. A Atma reproduziu os carrinhos da também americana Aurora.

O lançamento da Estrela aconteceu em São Paulo, no Departamento de Educação Física e Esportes (DEFE) em uma grande competição, na qual Emerson Fittipaldi participou e ficou com o terceiro lugar.

A partir daí, o autorama virou “moda”, mas não por muito tempo. Por ser importado, o material utilizado tinha um custo muito elevado, o que ocasionou o fechamento de lojas e o fim de muitas equipes.

Em 1970, a Estrela lançou o autorama nacional, e três anos mais tarde foi organizado o Primeiro Campeonato Brasileiro de Autorama em oito cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Santos. Quase sete mil competidores participaram.

Um dos fatores que incentivou muitas crianças, e até mesmo adultos, a montarem seus autoramas, foi o título de campeão mundial conquistado por Emerson Fittipaldi em 1972.

Segundo a Estrela, a imagem de pilotos como José Carlos Pacci, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna e Rubens Barichello promoveu o brinquedo. O nome autorama virou sinônimo de categoria e hoje faz parte do Dicionário Aurélio.

Nos anos 80, Piquet era a bola da vez e teve autoramas com seu nome estampado - um deles inclusive duelando com seu companheiro de escuderia, Nigel Mansell. A partir dos 90, Ayrton Senna ganhou o seu autorama. Tal era a febre que um dos lançamentos da estrela promovia o duelo entre os brasileiros: Piquet x Senna.

Até hoje, em sites na internet, carrinhos e pistas desses modelos podem ser comprados. Uma nostalgia em alta velocidade que faz bem e que não causa acidentes no trânsito, o que é melhor.