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Elon Musk volta a atacar Alexandre de Moraes e promete desrespeitar decisões judiciais do ministro

Esse é o segundo dia de críticas de Musk ao ministro do STF, o que tem sido amplificado pela rede bolsonarista

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Diário do Nordeste e Agência Estado producaodiario@svm.com.br
elon musk
Legenda: Elon Musk, proprietário do X, o antigo Twitter
Foto: Sergei Gapon/AFP

O dono do X (antigo Twitter) voltou a atacar, neste domingo (7), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Elon Musk disse que o magistrado deve "renunciar ou sofrer um impeachment". O bilionário também disse que Moraes "traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil".

O empresário ainda afirmou que publicará "em breve" na rede social tudo que é exigido por Moraes, dizendo que essas solicitações "violam a lei brasileira".

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Esse é o segundo dia de críticas de Musk ao ministro do STF, o que tem sido amplificado pela rede bolsonarista. No sábado (6), o empresário afirmou que irá remover as restrições aplicadas por Moraes. "Por que você exige tanta censura no Brasil?", questionou o bilionário em um post do ministro do STF. Moraes não respondeu as provocações. A Suprema Corte do País se recusou a comentar.

Princípios x Lucro

O bilionário tem subido o tom.

"Esse juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil. Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos que fechar nosso escritório lá. Mas os princípios são mais importantes do que o lucro"
Elon Musk
Bilionário dono do X

Em uma nota, o X alegou ter sido forçada, por decisões judiciais, a bloquear determinadas contas populares e que não sabe os motivos pelos quais essas ordens de bloqueio foram emitidas.

"Não sabemos quais postagens supostamente violaram a lei. Estamos proibidos de informar qual tribunal ou juiz emitiu a ordem, ou em qual contexto. Estamos proibidos de informar quais contas foram afetadas. Somos ameaçados com multas diárias se não cumprirmos a ordem. Não acreditamos que tais ordens estejam de acordo com o Marco Civil da Internet ou com a Constituição Federal do Brasil e contestaremos legalmente as ordens no que for possível"
X, antigo Twitter (em nota)
Rede social

"O povo brasileiro, independentemente de suas crenças políticas, têm direito à liberdade de expressão, ao devido processo legal e à transparência por parte de suas autoridades", concluiu o X.

Bolsonaristas

Se Musk cumprir sua ameaça de desrespeitar medidas judiciais pode beneficiar uma série de influenciadores e expoentes do bolsonarismo que estão com seus perfis bloqueados. São os casos dos empresários Luciano Hang e Edgar Corona, dos ex-deputados Daniel Silveira e Roberto Jefferson, dos blogueiros Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio e Bernardo Kuster e dos youtubers Monark e Winston Lima.

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As decisões de Alexandre de Moraes em decidir pela desativação das contas foram tomadas ao longo dos últimos quatro anos no âmbito das investigações sobre milícias digitais e no inquérito das fake news, que investiga ações orquestradas nas redes para disseminar informações falsas e discurso de ódio, com o objetivo de minar as instituições e a democracia.

Dono do X divulga ‘Twitter Files Brasil’ e acusa Moraes de censura

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) comunicou que vai pedir uma audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara para discutir o "Twitter Files Brasil", uma série de e-mails publicados pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger acusando Moraes e o TSE de exigirem ilegalmente a remoção de publicações do antigo Twitter.

Na quarta-feira, Shellenberger fez uma sequência de publicações no X com o título "Twitter Files Brasil". É um conjunto de e-mails de funcionários do antigo Twitter reclamando de decisões impostas por Moraes e pelo TSE e de investigações contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021 e 2022. Na época, bolsonaristas foram investigados por propagação de notícias falsas nas redes sociais, envolvendo, entre outros assuntos, a lisura do processo eleitoral.

O jornalista, com base nos e-mails, afirma que Moraes exigiu ilegalmente que o Twitter revelasse detalhes pessoais de usuários do Twitter, exigiu acesso aos dados internos da plataforma, em violação à política do Twitter, procurou censurar postagens de parlamentares brasileiros e tentou transformar as políticas de moderação de conteúdo em uma "arma" contra apoiadores de Bolsonaro.

Neste sábado, Musk compartilhou as publicações do jornalista e afirmou: "esta censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil."

Reação

Diante dos ataques do bilionário, o advogado-geral da União, Jorge Messias, defendeu a regulamentação das redes sociais.

"É urgente regulamentar as redes sociais. Não podemos conviver em uma sociedade em que bilionários com domicílio no exterior tenham controle de redes sociais e se coloquem em condições de violar o Estado de Direito, descumprindo ordens judiciais e ameaçando nossas autoridades. A Paz Social é inegociável"
Jorge Messias
Advogado-geral da União

O projeto de lei que regulamenta as notícias falsas nas redes sociais, o chamado PL das Fake News, está parado no Congresso desde quando a votação foi derrubada. Conforme o Estadão revelou, empresas big techs lideraram uma operação de pressão e lobby para derrubar a proposta da pauta do Legislativo. Agora, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estuda outras medidas, como a taxação das big techs para projetos específicos.

O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, João Brant, afirmou no X que a atitude de Elon Musk "evidencia seu desprezo pela justiça brasileira". Para Brant, Musk "resolveu defender golpistas" e provavelmente está se antecipando ao descumprimento da resolução do TSE para as eleições de 2024.

O secretário disse ainda que o governo brasileiro se reuniu com Musk no dia 12 de janeiro de 2023 e que, nessa ocasião, o empresário fez questionamentos sobre as decisões de Moraes. "Reforçamos naquele momento a importância das ações do TSE e STF em proteger a democracia brasileira. Mas evidentemente isso não era, e segue não sendo, relevante para o bilionário dono desta plataforma, afirmou Brant.

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