A disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho é um assunto que vem sendo debatido há anos, em uma luta incessante em busca de direitos iguais, equidade salarial e representatividade feminina. Por mais que alguns direitos tenham sido conquistados, as situações de crise escancaram os problemas e reforçam que ainda há muito caminho a ser percorrido.
A pandemia do novo coronavírus impactou diretamente o dia a dia das mulheres que conciliam as atividades domésticas com as demandas do trabalho e, principalmente, as funções de mãe. Com o afastamento das crianças das escolas, ficou para a mãe, na maioria dos casos, a responsabilidade de se dedicar à orientação escolar das crianças em casa. Segundo levantamento do projeto Parent in Science publicado em julho, apenas 47,4% das docentes mulheres com filhos submeteram artigos científicos conforme planejado, número que sobe para 65,3% no caso dos homens com crianças. Essa perda de espaço da mulher no mercado de trabalho demonstra uma necessidade de medidas que fomentem tanto a qualificação profissional como a abertura de espaços para que a mulher possa se recolocar. É essencial pensar em formas para que esse lugar, arduamente conquistado, seja reavido. E, sem dúvidas, seguir na provocação de discussões sobre o abismo que separa mulheres e homens, ainda que dentro de seus próprios lares.
Na advocacia, mercado ainda majoritariamente masculino, a situação não é diferente. Foi nesse sentido que, ao assumirmos a gestão da Escola Superior de Advocacia do Ceará, desenvolvemos a proposta de paridade de 50% nos nossos eventos, garantindo a paridade entre palestrantes e professoras da ESA-CE, onde abrimos espaço invariavelmente para a qualificação de várias outras mulheres.
Esse movimento é constante, parte de nós e reflete também em nós, e precisa ser reforçado agora. A responsabilidade por uma sociedade mais justa com as mulheres, no entanto, é de todos e todas.
Érica Martins
Advogada trabalhista e tesoureira da ESA-CE