Editorial: Mercado de trabalho

O Ceará registrou, no mês de junho, uma gradativa desaceleração da redução da oferta de empregos. Isso significa uma retomada progressiva do mercado de trabalho no Estado, a partir da reabertura da economia. Os números indicam que o pico da crise pode ter passado, apesar de todas as incertezas apontadas por especialistas, setores produtivos e economistas.

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgou que, no mês passado, o Ceará teve saldo negativo de 1.740 postos de trabalho. Os dados sugerem uma melhora do ritmo de perdas de vagas, uma vez que, em maio, foram fechados mais de 10,2 mil empregos formais e, em abril, encerradas 33,3 mil oportunidades em todo o Estado.

Ainda não há consenso se essa gradativa melhora no mercado de trabalho é sustentável, mas é um alento em meio às crises econômica e sanitária pelas quais passa o Ceará. O saldo negativo de 1.740 empregos é resultado de mais de 20,4 mil desligamentos ante 18.667 mil admissões.

O resultado do Estado ficou à frente apenas dos números da Bahia (- 2.533) e de Pernambuco (- 3.264). Os destaques no Nordeste foram os estados do Maranhão (3,9 mil), Rio Grande do Norte (1,7 mil) e Alagoas (863), que registraram saldos positivos em junho.

Dos cinco grandes setores produtivos do Ceará, somente dois tiveram saldos positivos no mês passado: construção e agropecuária, que geraram 1,9 mil e 392 postos de trabalho formais, respectivamente. Indústria, Comércio e Serviços encerraram, em ordem, 1,2 mil 1,3 mil e 1,4 mil oportunidades apenas em junho.

Na avaliação da indústria, o setor ainda não retomou a confiança desejada na economia. Alguns segmentos, como calçados, confecções e têxteis, tiveram que interromper suas atividades por alguns meses para enfrentar a pandemia da Covid-19. A expectativa, portanto, é a indústria não contratar mão de obra neste período de retomada, com o objetivo de reduzir custos.

Já a construção civil, que tem um forte impacto no mercado de trabalho do Ceará, tem boas expectativas para os próximos meses. O setor retomou diversas obras paradas e sinaliza novos empreendimentos, tendo em vista o aumento do financiamento imobiliário que, ao contrário de muitos segmentos, teve crescimento em variáveis importantes, como aumento do crédito e das unidades habitacionais financiadas.

Não menos importante para a economia cearense, o comércio é um dos setores que mais emprega e que depende diretamente das condições econômicas. Para haver contratação no setor, é preciso que haja aumento no consumo e boa confiança do consumidor.

Para todos os setores produtivos, a expectativa agora está concentrada na retomada efetiva da economia, que depende da redução de casos e óbitos por Covid-19. Além disso, é aguardada a reabertura e o retorno de importantes setores para o Ceará, como o turismo e toda a cadeia atrelada a ele.

Se essa desaceleração da redução de empregos formais for uma tendência sustentável, os próximos meses no Estado podem significar mais contratações do que demissões, gerando saldos positivos para o mercado de trabalho. É um movimento importante e decisivo para a recuperação econômica.


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