Editorial: A lei e os números

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social anunciou nesta semana que os registros de Crimes Violentos Contra o Patrimônio diminuíram em 2019 no Ceará. Os órgãos do setor têm mantido um padrão de queda desses delitos já há 31 meses. Na consideração de perspectivas e até nas sensações que o cidadão pode ter, os dados destacados têm, de fato, impacto positivo. No campo político também, desde os diálogos interinstitucionais como os que firma com as representações sociais.

É extensa a fieira de números apresentada, mas é merecedora de exposição. Alivia-se, assim, a aflitiva sucessão de episódios em que os direitos dos cearenses ficavam à margem numa escalada de violência e de apreensões.

As estatísticas oficiais de agora indicam que, entre janeiro e dezembro do ano passado, os casos de roubos à pessoa e de subtração de documentos e de outros pertences tiveram redução de 18,8% - decrescendo de 53.759 ocorrências em 2018 para 43.656, em 2019. Ou seja, houve menos 10.103 roubos.

No geral do Estado inteiro durante o ano passado, totalizam-se resultados considerados positivos em todas as regiões. A maior diminuição em termos percentuais foi apontada na Região Norte, com menos 30,5% casos - em 2018, haviam sido anotadas 4.778 ocorrências, indicador que caiu para 3.322.

É revestida de inquestionável legitimidade a prática de a Secretaria da Segurança divulgar números, até porque isso faz parte das obrigações que os gestores têm para com a transparência, mas é imperativo à sociedade que procure outras fontes para analisar cenários. Como, por exemplo, as que abordam a geração de empregos, ou as que tratam da ocupação de vagas em escolas de diferentes níveis. Ou mesmo as que destacam políticas no setor penitenciário.

Não só isso. É preciso também apreciar com a mesma atenção iniciativas do poder local e do terceiro setor. Deve-se perceber, com olhares mais aprofundados e detalhistas, o que se constrói (ou o que não é feito) em conjunto, cada segmento com suas obrigações e seus direitos, com suas demandas e suas responsabilidades.

Não é saudável questionar por questionar, mas é interessante que se tenham medidas precisas e referenciadas acerca de elementos que integram o leque de preocupações da coletividade. É para isso que serve uma compreensão mais detalhada das circunstâncias e dos contextos em que os feitos se sucedem. Num mundo de interações tão expressivas, já não se permite admissível que se observe o todo de maneira compartimentada - tudo dialoga com todos; são sistemas verticalizados e não é cabível que se enxerguem interesses de uns como mais importantes do que os dos demais.

Por esse ângulo, então, tem-se uma pertinente oportunidade de cotejar informações e desenvolver leituras mais despidas de emoções e mais racionais de uma série de fatores que importam aos distintos estratos sociais. Os pontos ofertados como balizas para a coletividade se sobressaem não só por serem positivos, mas porque mostram que o interesse geral não tem de se curvar a vontades indevidas de organizações criminosas que atuam em todo o País. Ou, numa clara consideração, porque os números apontam para a prevalência da lei.