Dias de prudência

Ao acompanhar momento a momento o noticiário, os cidadãos cearenses anseiam por duas boas novidades, que contrastem com relatos tristes que caracterizam o atípico período. A primeira é, claro, trata da drástica e definitiva redução de casos de infecções e, principalmente, de óbitos provocados pela doença; e a outra é a da flexibilização das medidas restritivas de circulação e, especialmente, de funcionamento das cadeias produtivas. 

Uma das boas notícias ansiadas, enfim, foi dada ontem, em live dividida entre o governador do Estado, Camilo Santana, e o secretário da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto. A partir de segunda, atividades que haviam sido suspensas por conta da necessidade de manter um isolamento social rigoroso voltam, pouco a pouco, a operar no Estado.

Por ora, baseado nos dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), se tem um indicativo de que o Ceará possa ter chegado ao platô de infecções pela Covid-19, com um possível declínio dos casos num futuro próximo. Este entendimento deu as garantias que o Estado precisava para dar início ao processo de retomada econômica e do funcionamento pleno das instituições.

O plano contou com a colaboração de entidades representativas de diversos setores, como a indústria e o comércio. Sua elaboração, contudo, levou em consideração não apenas indicativos econômicos, mas também variáveis sanitárias. A tendência que se observa, de estabilização e conseguinte retração do contágio, não pode sofrer alterações negativas, fazendo com que o Estado dê passos para trás em sua travessia desta infeliz temporada.

Por precaução, a retomada não acontecerá de forma integral e imediata. O processo é complexo e foi dividido em cinco etapas, encadeadas ao longo de oito semanas. Uma fase inicial, de transição, começa na próxima segunda-feira, dia 1º. Dezessete setores foram contemplados, sendo reativados seguindo uma série de medidas protetivas, com controle do número de pessoas trabalhando. Se sucederão outras quatro fases, abrindo novos setores ou ampliando a participação daqueles que tiverem retomado parcialmente suas operações, na etapa anterior. Critérios técnicos, sanitários e epidemiológicos sustentam a progressão do plano. 

A boa notícia, contudo, não chega sem uma exigência de compromisso por parte de toda a sociedade. É imperativo rigor e eficiência na fiscalização, para que sejam respeitados os percentuais que ordenam o retorno às operações de empresas e instituições, bem como a quantidade de funcionários e colaboradores; às organizações, cabe o dever de seguirem, sem desvios, o que dita o decreto governamental; e, à população cearense, cabe cumprir as medidas protetivas determinadas em decreto, com base no que é recomendado pelas autoridades sanitárias.

O secretário da Saúde foi claro ao explicar que, em caso de quebra de protocolo, o planejamento pode ser comprometido, com os números da pandemia voltando a patamares indesejáveis. Não há saída fácil para crise. Esforço, empatia e exercício da cidadania são componentes indispensáveis pelos dias vindouros e determinarão seu sucesso, para o proveito futuro de todos.


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