Chance para a Educação

Com o ano que se inicia, volta a expectativa para o retorno das aulas no Ceará. O retorno das crianças à escola é considerado de “alta prioridade” para o Governo do Estado. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado, o índice de contágio de 1% em Fortaleza é indicativo para ampliação da abertura na Capital. Mas não se pode esquecer que esse índice, ainda que baixo, foi no contexto de fechamento das escolas, portanto o contágio se deu onde pouco havia de abertura. Por outro lado, diante da flexibilização de outros setores, públicos e privados, e o desrespeito em relação à aglomeração por parte destes, é oportuno que a educação dê o exemplo de uma reabertura responsável.

Conforme a Sesa, até o dia 31 de dezembro de 2020, 6.994 estudantes cearenses testaram positivo para Covid, dos quais 6.190 estão recuperados e 13 morreram. Tudo isso numa realidade de fechamento. A dúvida que fica é o quanto destes números seriam diferentes se mais unidades de ensino estivessem abertas. O certo, no entanto, é que se comparadas a restaurantes e shoppings, por exemplo, onde se registraram imensas aglomerações, as escolas possuem número-limite fixo de estudantes e funcionários. Logo, estariam mais passíveis de controle e é o que se espera. 

Embora não anunciada em letras garrafais, Prefeitura e Governo do Estado admitem que estamos vivendo uma segunda onda da Covid-19 em Fortaleza. Obviamente que num contexto em que todos os aparelhos e equipes de saúde estão melhor preparados. De março do ano passado até agora, muito mais se sabe da doença; vários tratamentos foram incluídos, outros descartados. E não é mais por falta de aviso que as pessoas deixarão de usar máscaras e passar álcool em gel. Tendo ocorrido no século XXI, nunca uma pandemia foi tão noticiada. O desafio, agora, é manter na consciência das pessoas a informação de que a pandemia não acabou, o vírus continua circulando – a depender do lugar, mais forte que antes – e vacina será a solução de médio para longo prazo, visto que a imunização plena deverá ocorrer apenas entre o fim deste ano e início de 2022. Mas o que também temos vivido é um contexto de crianças e adolescentes longe da “segunda casa”. 

E no caso das escolas públicas, longe da mesa onde, muitas vezes, fazem uma melhor refeição. O outro alimento é o conhecimento. De acordo com os técnicos estaduais, a volta das aulas presenciais deverá estar combinada com a manutenção do ensino remoto. Conforme as escolas particulares, que reabriram em setembro do ano passado, o retorno nas públicas será gradual. Não dá para colocar muitas crianças dentro de uma sala, bem como outros ambientes de convivência dentro da escola (quadras, refeitórios etc). A educação sempre será de “alta prioridade” para a sociedade. Levará um tempo maior para se recuperar o ano letivo perdido, isso exigirá mais de alunos e professores (hoje tão demandados com a produção das aulas remotas). A saúde, no entanto, vem primeiro. 

É necessário que a pandemia esteja estabilizada no Estado, sem uma escalada como se conferiu entre novembro e dezembro últimos. Mantido sob controle e realizada testagem em massa, além de protocolos escolares rígidos, será a vez de a Educação ter uma chance de maior retomada.


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