Por uma juventude negra viva

A juventude negra tem sido alvo do racismo, vítima das violências brutais, seletividade racial por parte das instituições como a segurança pública e sistema de justiça

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A questão racial se configura como a grande contradição do Brasil. Um país formado em termos étnico raciais por uma maioria de negros 56%, que segue sendo minorizada, alvo do racismo e com sua história e contribuições negadas.

As vulnerabilidades atingem diretamente a juventude negra. Segundo dados do IBGE (2023), entre os jovens de 15 a 29 anos do País, 10,9 milhões não estudavam e nem estavam ocupados em 2022. Desse total, 43,3% eram mulheres pretas ou pardas, 24,3% eram homens pretos ou pardos, 20,1% eram mulheres brancas e 11,4% eram homens brancos.

As desvantagens espraiam para outras áreas além da educação e mercado de trabalho. A juventude negra tem sido alvo do racismo, vítima das violências brutais, seletividade racial por parte das instituições como a segurança pública e sistema de justiça.

Diante disso, cabem esforços para combater o racismo nessas instituições, em particular na polícia. Vale a mudança de paradigma dessas corporações no sentido de pôr fim a abordagens violentas contra a juventude negra, diminuir a desconfiança histórica que este grupo e outros subalternizados racialmente têm em relação às forças de segurança, assegurar diálogos voltados para a justiça racial com aproximações aos territórios de periferias, marcados pela pobreza e discriminações, e assim conhecer as reais demandas.

Acresce a relevância das capacitações sobre as relações étnico raciais, o letramento racial de gestores e agentes públicos e efetivação de políticas de ação afirmativa de equidade racial.

Em 2023, o Ministério da Igualdade Racial e a Secretaria Nacional da Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República realizaram em todas as unidades da federação as caravanas participativas Juventude Negra Viva, com o objetivo de fazer um diagnóstico e discutir propostas para políticas de enfrentamento à violência; e subsidiaram a elaboração do Plano Nacional Juventude Negra Viva, que terá o desafio de reduzir a violência letal contra jovens negros/as e enfrentar as vulnerabilidades que marcam suas trajetórias.

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O plano exigirá intersetorialidade e transversalidade entre seus eixos temáticos: segurança pública e acesso à justiça; geração de trabalho, emprego e renda; educação; democratização do acesso à cultura e a ciência e tecnologia; promoção da saúde; garantia do direito à cidade e valorização dos territórios; assistência social; fortalecimento da democracia; esporte e lazer e segurança alimentar e nutricional. Este plano é fruto da reivindicação dos movimentos sociais negros, de combate a letalidade desses jovens e a estruturação de oportunidades em importantes áreas.

O povo negro contribuiu e contribui com esse País pela via do seu trabalho precarizado e de sua rica cosmovisão expressa de modo plural, no agenciamento dos jovens nas periferias, que não pode ser criminalizado, mas compreendido como invenções coletivas como a cultura o hip hop, batalhas de rima que buscam reconhecimento e equidade racial.