O que o Brasil tem pela frente?

Não é mais possível validar projetos de sociedade que ignoram os processos democráticos, disseminam o ódio e intolerância, e faça uso da violência para se manter no poder

Legenda: A eleição de 2022, em particular no segundo turno, é uma das mais importantes da história do Brasil
Foto: JL Rosa/SVM

O que está acontecendo com o Brasil? O cenário atual exige interpretar as causas das crises que o assolam para que seja possível redefinir os rumos do país diante da realidade marcada pelo aumento da pobreza e miséria, contorno indelineáveis das desigualdades históricas e das sistemáticas tentativas de desestabilização das instituições democráticas.

Está em curso um projeto destrutivo que se faz via silenciamento das vozes de negro/as, mulheres, indígenas, LGBTIA+, povos e comunidades tradicionais e outros grupos considerados minorias, com sérias repercussões práticas em suas vidas.

Atentado às instituições democráticas, grilhagem de terras, empreendimentos de caráter predador ao meio ambiente, apropriação do orçamento público para interesses privados, desfinanciamento das políticas públicas e desestimulo a participação social voltada para o fortalecimento da cultura democrática.

Não é mais possível validar projetos de sociedade que ignoram os processos democráticos, disseminam o ódio e intolerância, e faça uso da violência para se manter no poder. Seguem espalhando medo, perseguindo o jornalismo livre, com ataques ao campo dos direitos humanos, apostam no armamento da população para resolver questões econômicas, sociais e culturais estruturais.

A superação das desigualdades históricas passa pela compreensão dessa sociedade erguida sob base da escravidão, permeável ao autoritarismo, racismo, violenta para com as mulheres e de rebaixamento da cidadania de grupos vulnerabilizados. As ações propostas devem combater isso.

A eleição de 2022, em particular no segundo turno, é uma das mais importantes da história do Brasil. A campanha presidencial se faz em um contexto de pulverização de muitas informações, com Fake News que tendem a provocar confusão, deixando o eleitor com dificuldade de discernir o que de verdade é fato ou mentira.

O que compromete seu direito de votar com liberdade, acresce o assédio eleitoral por parte dos empregadores, contestação do processo eleitoral sem provas, numa tentativa de adiar as eleições.

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O eleitor tem o direito de não ser ludibriado com tantas mentiras, a verdade não pode ser secundarizada. Para tanto, é válido que saiba as causas do aumento da pobreza e fome, com possibilidade de reconhecer o perigo do autoritarismo, de tentativas de golpe por dentro das instituições republicanas, das consequências direta na sua vida com a retirada de direitos.

A posição não deve ser de mero expectador, exige iniciativa com criatividade política que traga de volta uma racionalidade de não admitir tamanho desprezo pela coisa pública e pela diversidade humana.

No próximo domingo, é fundamental que prevaleça o desejo de transformar, contagiado pelo ideal de justiça, liberdade com esperança de construir um futuro melhor com governança verdadeiramente democrática, com escuta da sociedade civil. Cabe com urgência o fortalecimento da democracia como escolha política progressista.

Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora. 

Zelma Madeira é professora da UECE e Assessora Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais do Estado do Ceará.

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