Mulheres plurais no mundo contemporâneo

A comemoração internacional à luta das mulheres abre o mês de março. Constata-se que as mulheres são plurais pela heterogeneidade de suas realizações na família, no trabalho, na política. E suas contribuições são valorosas ao impactar o mundo e fortalecer a humanidade.

Para responder às demandas do mundo contemporâneo, elas acessam formas inventivas para promoção e preservação da vida. Agem, na maioria das vezes, em condições adversas, pois, embora sejam a maioria da população no Brasil (51,8%), continuam como setor marginalizado no atendimento às suas necessidades, que tendem a seguir inviabilizadas.

Essas mulheres têm nome e sobrenome, são as lideranças indígenas, as quilombolas, as empregadas domésticas, as agentes de saúde, as professoras, as conselheiras das políticas públicas, as presidentas das associações de moradores da periferia, as ciganas, as pastoras, as mães de santo e as Ialorixá, as benzedeiras, as quebradeiras de coco, as pescadoras, as estudantes e tantas outras cuja a ação volta-se para garantia das condições econômicas de sobrevivências, socialização das crianças e organização de suas comunidades. Seu ativismo é por igualdade de direitos, fim das desigualdades e das violências, mas ainda carece ganhar protagonismo.

A maioria das brasileiras vive em contextos atravessados por opressões e explorações interseccionadas por gênero, classe e raça. A pandemia da Covid-19 mostra essas desvantagens, quando escancara desigualdades que impactam a vida das mulheres, em particular das negras, pobres e mães. Circunstâncias difíceis acrescida das velhas desvantagens históricas provocam maior intensificação do trabalho feminino, ampliação das responsabilidades no cuidado com a família, desemprego e aumento dos casos de violência doméstica durante o isolamento social.

É importante dizer que, mesmo diante de tanta vulnerabilidade e de pouca representação e participação política, as mulheres engendram resistências pela via da organização, da mobilização e da solidariedade. Porém, elas não conseguirão superar esses desafios apenas pelo esforço pessoal, urge mudanças rumo à promoção da igualdade de gênero e racial e à garantia de sistema de proteção social, por meio de políticas públicas redistributivas e de reconhecimento.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.