Não deixe passar batido: ódio ao Nordeste tem punição na Justiça

Escrito por
Xico Sá producaodiario@svm.com.br
Foto: Vergani Fotografia

Alunos do Ceará têm maior número de redações acima de 980 pontos no Enem entre as redes públicas do Brasil.

Esta manchete do Diário do Nordeste, ainda fumegante, responde, mais do que qualquer discurso ou desabafo, aos criminosos que insistem em praticar xenofobia contra as pessoas da região.

Poderíamos exibir aqui mais uma centena de notícias como esta que acaba de sair nos jornais e portais. Citar ilustres nordestinos e nordestinas também seria uma bela resposta — sempre funciona bem nas redes sociais. Reproduzir frases do pernambucano Paulo Freire, o professor dos professores, certamente teria um efeito pedagógico extraordinário.

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Trago, porém, uma resposta contundente da Justiça brasileira. A professora Monique Maira Maciel Becker, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), foi condenada por discurso de ódio contra o povo do Nordeste. A pena histórica confirmada pelo Tribunal Regional Federal (TRF-1), em Brasília, é de 2 anos de reclusão, além de multa. A decisão é definitiva, não cabe mais recurso.

O caso ocorreu ainda no final da campanha eleitoral de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB). Diante da derrota do seu candidato, Monique escreveu, entre outras ofensas: “Trabalhar mais 4 anos pra sustentar o Nordeste e seu Bolsa família”. Inconformada, apelou: “Vamos dividir essa porra de país, quero ver sem o nosso dinheiro como essa merda de PT sustenta essa região”.

A decisão é histórica, repito, porque geralmente esse festival de xenofobia nunca tem punição. O crime é evidente, segundo a lei: “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

Sim, o caso demorou a ser punido — a professora tentou todos os recursos para se livrar da sentença —, mas agora serve de exemplo. Por isso, sempre digo, da maneira mais óbvia e ululante: não devemos deixar barato. Contra o preconceito, a queixa imediata à Justiça.

E fica o mote do poeta Bráulio Bessa, de Alto Santo, sertão cearense, para todo o planeta: “Quanto mais sou nordestino, mais tenho orgulho de ser”.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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