Não tem uniforme camuflado que ajude a disfarçar ou esconder o estrago na imagem dos militares no Brasil. Segundo pesquisa Genial/Quaest que acaba de sair do forno, a confiança da população nas Forças Armadas desabou de 43% para 33%.
Faz tempo que as notícias não são nada favoráveis aos homens de farda ou aos militares da reserva. Os escândalos se multiplicaram como as medalhas no casaco do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro. O rolo em cartaz no momento é o das joias e dos relógios milionários das Arábias.
O maior espanto, porém, foi quando certo dia, durante o governo do “partido militar”, os brasileiros e brasileiras descobriram que estavam bancando a famosa “farra da virilidade” — a compra aloprada, com dinheiro público, de Viagra, gel lubrificante íntimo e próteses penianas.
O pacote da mordomia incluía ainda o gosto por um bom churrasco, com direito a 373 toneladas de picanha, 557 toneladas de filé mignon, 254 toneladas de salmão e 80 mil cervejas especiais, entre outros produtos para militares de alta patente. Com suspeita de superfaturamento, o estoque virou alvo de investigações do TCU (Tribunal de Contas da União).
O general Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro, saiu em defesa do pacote farmacêutico: “O que são 35 mil comprimidos de Viagra para 110 mil velhinhos que tem? Não é nada”, afirmou. “Então, tem o velhinho aqui. Eu não posso usar o meu Viagra, pô?”
Imagina como o contribuinte acordou feliz no dia em que descobriu que estava bancando a ereção dos militares? Assim, de escândalo em escândalo, a turma da farda colheu a rejeição apontada pela pesquisa da semana. Não há camuflagem que esconda os desvios de uma tropa que resolveu fazer política explícita em vez de cumprir suas as obrigações constitucionais.
O envolvimento com o escândalo das joias de Bolsonaro e Michelle é apenas um final melancólico de uma tragicomédia anunciada.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
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