De tanto cearense ser aprovado no ITA, foi o jeito o presidente Lula mandar fazer logo uma filial do Instituto Tecnológico da Aeronáutica em Fortaleza. Bom para todo mundo. Deixa a escola especial mais perto da residência dos favoritos às vagas e amplia as chances dos candidatos do Sudeste na matriz paulista de São José dos Campos.
O Ceará tem um índice de aprovação de 40% de todos os alunos que passam nesse vestibular, que é definido como o mais difícil do Brasil. É um feito tão extraordinário que só resta aos despeitados repetir as surradas pilhérias sobre “cabeça chata” e outras variedades de preconceitos.
A façanha tradicional dos cearenses no ITA começou a ser repetida, nos últimos anos, por estudantes de todo o Nordeste em diversas competições de ciências, matemática, história e, óbvio, no Enem, o exame nacional do ensino médio.
Em olimpíadas de astronomia, a turma pisa nos astros descontraída, como se estivesse em terra firme, sobre o solo sagrado da terra bárbara. Ora direis, Belchior, o pessoal do Ceará sabe de cor e salteado os mistérios do planeta.
Foi-se o tempo em que o Nordeste tinha apenas exemplos isolados (ou de ficções meritocráticas da elite) em matéria de trunfos educacionais.
Das 60 notas mil na redação do Enem, repare bem, 25 são de autoria de nordestinos e nordestinas. Um percentual de 41,6% de todo o país, minha gente. Né brincadeira, não. É de rocha, é rochedo.
Piauí e Rio Grande do Norte, com seis notas máximas, estão na liderança regional. Ceará e Bahia conquistaram quatro, Sergipe marcou três e Pernambuco fez duas.
Poderia passar dias e mais dias relatando casos de sucesso da educação nordestina. Não é o caso, vocês sabem dos nossos avanços épicos. Recomendo apenas que vejam “Terra de Sabidos”, série publicada por este jornal sobre experiências da educação pública cearense.
Há mais de um século antes da criação do ITA na Terra da Luz, o cientista Albert Einstein já sabia da vocação nordestina para ajudar no conhecimento do mundo. Foi em Sobral, no ano de 1919, que uma equipe escalada por Einstein observou a eclipse total para comprovar a revolucionária Teoria da Relatividade.
Depois de tanto orgulho e enxerimento regional cosmopolita, me despeço. Até a próxima crônica sobre as grandezas do Brasil nordestino.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.
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