Velocidade no jogo

O companheiro Tom Barros não vê com bons olhos duas coisas no futebol atual: o goleiro linha e a excessiva velocidade do jogo. Como se sabe, o Tom é um multimídia das comunicações e um conservador.

Até no seu repertório musical de Chantecler, prefere o antigo (o que não é nenhum demérito) e garante a marca da qualidade. O que o companheiro não gosta, também, não desgosta de maneira radical.

Com relação ao goleiro linha, para quem viu jogar Pedrinho Simões, Harry Carey e Ivan Roriz, achar condenáveis os excessos e o jogar adiantado, é perfeitamente normal.

Nisso, estou com ele e reconheço, que o debate encurta porque Felipe Alves, do Fortaleza, é o único verdadeiramente especialista nessa maneira de atuar.

Quanto à velocidade que norteia o jogo, devo dizer o seguinte: eu e o Tom Barros atravessamos um tempo em que o futebol era fundado no individualismo.

Não gastávamos saliva com percentual de posse de bola, número de desarmes, quantidade de passes errados e chutes a gol.

Nossa preferência era pelo drible, aventuras individuais, pelos passes de primeira e lançamentos de 45 metros de um Didi ou Gérson.

Não chegava a ser um jogo solidário, mas era bonito de se ver, em função de um ritmo mais cadenciado e ofensivo. Meio que “time de índio”, procurava mais atacar, sem muitos cuidados defensivos.

Sobre isso, devo acrescentar que se tinha um número maior de craques, não porque o jogo “era lento”. Inclusive, reprises mostram que muitas das disputas não eram tão “lentas” por assim dizer.

Querem ver?

O Brasil de Zagalo, em 1970, desarmava mais do que a seleção de Tite, na Rússia, e a velocidade, depois da retomada de bola nos contra-ataques, era fulminante.

Com a melhora da saúde e a evolução na preparação física, o futebol ganhou uma velocidade impressionante, que nos dá a impressão de que o campo de jogo diminuiu. Jogadores viraram gladiadores.

Com maior ocupação de espaço em menor tempo, cada ação precisa ser mais rápida, menos clássica.

Embora a intensidade seja maior, refletindo bem, não se deve achar que o futebol piorou. É possível ver beleza num futebol onde a velocidade e o coletivo imperam.

Basta que nos miremos no time do Liverpool, campeão do Mundo, que adiciona à incrível velocidade o futebol maravilhoso de Salah, Mané, Alexander-Arnold, Van Dijk e Firmino, sob comando de um treinador inteligente, Jurgen Klopp.

No aspecto da velocidade estressante, o fenômeno é irreversível, gostemos ou não.



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