Um drible na depressão

Confira a coluna deste sábado (21) do comentarista Wilton Bezerra

Legenda: Sou envolvido por lembranças, mesmo que esteja ocupado na transmissão de um jogo de futebol
Foto: reprodução

Não sei ficar calado, nem para mim mesmo.

Ainda mais quando tenho a me ouvir a numerosa plateia representada pela escassa presença de uma só pessoa: minha "mulé", Araci.

Saio dos muxoxos e vou aumentando os decibéis da minha forma de falar gritando.

Foi Barbara Heliodora, especialista em Shakespeare, que disse: "Temos que falar alto para que sejamos ouvidos."

Claro, se referiu aos atores de teatro. 

Como que narrando um filme que acabei de assistir, digo o que estou sentindo: saudade.

De repente, sou envolvido por lembranças, mesmo que esteja ocupado na transmissão de um jogo de futebol.

Subitamente, recordo de pessoas que já se foram. E mesmo de quem não vejo há um bom tempo.

E, também, de fatos que marcaram nossa caminhada nessa vida de "bailarino."

Uma visita inesperada. Dessas que nos levam a uma outra dimensão da alma.

Passo a achar tudo sem o menor sentido.

Indago: "Que porra é essa, se tudo, aparentemente, está bem?"

Mesmo porque basta uma risada de Irene para me tirar do porão.

Como gostava de dizer o saudoso confrade Itamar Monteiro, antes de uma escrachada gaitada: "Qualquer paixão me diverte".

Ou seriam os efeitos desse mundo louco que nos enlouquece e nos leva, de repente, a outras "estações?"

Ao atingir o paroxismo da sensação que nos invade, suspeito que seja o inferno da depressão "tomando chegada".

Aí, dou um drible desconcertante na questão, ao raciocinar como os antigos: "Depressão é uma doença de quem é rico".

Me deixo engabelar pela sentença e emendo outra, bem ao gosto popular: "Sai de mim, abacaxi, que eu tomei leite."

Lembrando o genial frasista e publicitário Carlito Maia: "Se me fecham as saídas, escapulo pela entradas".

Se tocaram?



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