A linguagem do futebol contribui com a maneira de se expressar do brasileiro para explicar situações do cotidiano.
“Lá no meu emprego estou na marca do pênalti para ser demitido”.
“Minha bola está murcha em matéria de desempenho”.
“Fui colocado para escanteio por minha namorada”.
“Lá em casa, estou sendo marcado sob pressão pela mulher”.
“Pô, você quer bater o escanteio e fazer o gol?”.
Tudo isso para dizer que a vida de treinador no Brasil tem tudo a ver com um “reality show”.
Chamusca perdeu o clássico, só ganhou um jogo desde que assumiu o Fortaleza, e já houve reunião para tratar do desenlace com o tricolor, adiado para o próximo jogo.
Está na marca do pênalti, com direito a desmentidos.
Se passar pelo Flamengo, terá renovado o reconhecimento de sua capacidade de técnico, mas em caso de derrota será tratado como treinador para competições domésticas.
Interessante que, ao perder um campeonato estadual, o treinador Rogério Ceni teve a sua cabeça pedida numa bandeja e a direção tricolor segurou a onda.
Já pensaram se não tivesse sido assim?
Fernando Diniz, treinador do São Paulo, perdeu com o tricolor paulista até torneio início imaginário e está perto de ser campeão brasileiro.
Mas não tem argumentação que resista à compulsão de demitir treinador no futebol brasileiro.
Como bem se definiu, o treinador foi um sujeito inventado para ficar entre a incompetência dos dirigentes e a irracionalidade dos torcedores.
O marisco, na luta do rochedo contra o mar.