O que os nossos times desejam para dirigir seus caros elencos?
Um treinador ou um curandeiro?
Em muitos casos, esses elencos não são tão caros assim e, para completar, são até muito ruins.
Ao tratar do assunto treinador, me sinto obrigado em afirmar que os mesmos foram fundamentais – e continuam sendo –, para organizar o jogo.
Sem eles, o sistema tático seria 1-10 (o goleiro e dez correndo atrás da bola) com um orientador para cada jogador como no tempo das “comissões de campo”.
Agora, não é suportável imaginar que cada técnico tenha nas mãos uma poção mágica, panaceia para todos os males de uma equipe.
Mas é isso que está acontecendo. E o que é pior, acompanhado de um modismo que não é coisa nova nesse país: o “curandeiro” tem que ser de fora, de preferência falando o português de Portugal.
Da América do Sul, abrindo um pouco as concessões, servem também orientadores da Colômbia, Equador, Venezuela e Argentina.
Como nas promoções do comércio lojista, só está faltando um comunicado em voz alta e transmitido: “O gestor endoidou, aproveitem os convites!”
Enquanto isso, os “feiticeiros” estão meio enrolados e com frágeis justificativas, caso de Sampaoli, no Atlético Mineiro, explicando os últimos fracassos causados pela falta de “contundência” dos jovens jogadores do Galo, o que torna o time “vulnerável e impreciso”.
Os senhores se lembram da história de um simplório dirigente de clube que ordenou a contratação imediata do jogador chamado “entrosamento”?
Hoje tem de se reforçar procurando adquirir um reforço chamado “contundência”.
O Domènec Torrent, num futebol resultadista como o nosso, acha que o Flamengo se presta como laboratório para suas experiências.
Mesmo com elenco diferenciado, o Flamengo do espanhol é muito difícil de ser entendido, dadas as suas oscilações.
Quem “ousou” optar por uma grife nacional vencedora como o Palmeiras, confiando a Vanderlei Luxemburgo a repetição de dias de glória, se deu mal e hoje obtém melhores resultados com um interino que atende pelo nome de Cebola.
Abel Ferreira, outro português, assumiu o time palmeirense ontem à noite.
O que se busca na verdade é um futebol no ataque, linhas adiantadas, posse de bola, pressão permanente no campo adversário e gols.
Geralmente, todos os treinadores (especialmente os que vêm de fora) se anunciam defensores dessas formas ofensivas modernizadas.
Só que, para perenizar essa ideia, é preciso jogar bem com a bola e, melhor ainda, sem ela.
Essa história de que “a melhor defesa é o ataque” cabia dos tempos do Santos de Pelé e do Botafogo de Garrincha.
Hoje, sem musculatura no perde-pressiona e rapidez na recomposição, times que se anunciam arrasadores acabam se tornando frágeis quando atacados.
E outra coisa: para que não se entregue a encomenda pela metade, é preciso anular o adversário sem anular a si próprio.
O resto é papo de curandeirismo e conversa para boi com sono.