Tenho sonhado, com muita freqüência, com pessoas do meu bem querer que já nos deixaram.
Esses sonhos não me assustam. Pelo contrário, me deixam saudoso, por reatar lembranças, ao lado de companhias que me fizeram feliz.
Acrescento, também, que não me trazem nenhum aviso fúnebre porque, com a morte, já me acertei e não preciso de intermediários. Nem que venham através de sonhos.
Interessante é que as situações “revividas” são bem estranhas, por trazer pessoas que ainda estão vivas e nos são caras.
Depois desses sonhos, sou tomado por um forte sentimento de saudade, principalmente dos amigos de infância, que, embora vivos (alguns), não deram mais notícias.
Quando se fala de sonhos com os que já morreram, é comum se levar isso como um aviso de que a velha da foice está nas proximidades.
Convenhamos, essas coisas perturbam a cabeça e o espírito de gente chegada a uma superstição.
Por falar nesses “avisos”, lembramos o caso do Sr. José Sobrinho, morador de Várzea Alegre, pessoa muito católica e solidária, que tinha como hábito acompanhar quase todos os enterros ocorridos na cidade.
Num certo tempo, Sobrinho ficou bastante perturbado com aquilo que passaram a dizer em Várzea Alegre sobre o seu hábito de acompanhar os sepultamentos.
Preocupado, procurou o padre Otávio e desfiou o falatório de que tomou conhecimento.
“Padre, vejam o que andam dizendo: se fico atrás do caixão, dizem quem ando atrás da morte; se me posiciono ao lado do caixão, dizem que ando ao lado da morte; quando me coloco na frente do caixão, dizem que caminho na frente da morte”.
Disse mais: “Eu queria saber do senhor o que isso tem de verdadeiro”.
O padre Otávio olhou de cima para baixo e respondeu: “José Sobrinho, dê um jeito de nunca ficar dentro do caixão, que nada lhe acontecerá”.
Problema resolvido.