De tanto pensar sobre tudo e todos, o ser humano sofre com a dura e dolorosa realidade dos dias atuais.
Passo a imaginar uma “agência” que pudesse estimular a busca de truques para evitar a morte lenta das pessoas.
O distinto público já se deu conta dos dilemas da hora, sem vontade de dormir ou permanecer acordado, sem desejo de partir ou de ficar e sem vontade de lembrar e de esquecer.
De tanto pensar, passou pela minha cabeçorra uma saída musical e, porque não dizer, científica, de enfrentar essa barra.
É simples: passe a imaginar um momento de felicidade em que você gostaria de ter feito estacionar a sua passagem cósmica nesta vida, tendo como fio condutor uma música.
Force um pouco a memória e tente recordar o período em que você foi mais feliz. Ao mesmo tempo, procure lembrar uma canção desse período.
Já fiz esse exercício e me dei bem: ano 1967.
Música: Alegria, Alegria, com Caetano Veloso.
Para quem contava 19 anos de idade, ouvir (espantado), pela primeira vez, aqueles versos tão diferentes para uma música, acompanhados pelas guitarras alucinantes dos Mutantes, foi uma epifania.
Sensação efêmera de um novo tempo, apesar da ditadura.
Recordar, ligar o som e completar o combo, com uma cerveja bem geladinha.
Um belo truque para encontrar a felicidade, mesmo que momentânea.