O treinador e seus labirintos

Foto: Ricardo Duarte/Internacional

Depois dos 7 x 1, os treinadores do futebol brasileiro passaram a ser agentes do atraso e culpados de tudo que existia de retrógrado na província.

Posse de bola, troca de passes, em qualquer situação de jogo,  profundidade, mobilidade, intensidade e variações táticas, se transformaram em “novidades” para os nossos entendidos.

Assistiu-se então, uma corrida do ouro na direção de orientadores que falassem uma língua diferente da nossa, com nítida preferência pelos portugueses.

Uns se deram bem, outros se deram mal, vida que segue e a busca pelos estrangeiros cedeu alguns espaços para os “ultrapassados” da terra e a mídia esportiva se esbaldou em cima dessa situação.

Abel Braga, atual treinador do Internacional, foi um dos massacrados, acusado de gagá e outros “adjetivos”.

Contribuindo com a munição dos seus algozes, o Abelão, quando no Flamengo, antes de Jesus chegar, declarou que precisava tirar o toque de bola do Flamengo, um sacrilégio para os modernistas.

E dentro do “falou pagou”, resgataram uma frase de Abel Braga de 2012 : “O problema é quando você tem a bola”.

Pronto, foi o mesmo que Camões colocar gírias nos seus escritos.

Pois vejam como o futebol é capaz de certas “trapaças”: abandonado por um argentino, com um treinador colombiano contratado e assistindo de camarote, Abel Braga foi chamado para dar um jeito no Internacional de Porto Alegre.

E deu.

Sem requintes ou encantos, com uma fome incontrolável na jogada de bola alta na área adversária, pressão no perde-retoma, rapidez dos moços Yuri, Vidal (cearense) e Praxedes, no ataque, e o acabamento por conta de Patrick e Edenilson.

Com receita simples, ausência de complexidade,  sem explicações empoladas  o treinador do Inter provoca a mídia esportiva para rotulá-lo.

Se o “manjadinho” do Abel  não é modernoso, há grandes possibilidades de chegar na primeira posição “o óbvio” do Abel, embora isso não explique nada.

Tem jeito, esse pessoal?



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