O paraíso ao lado das árvores

Foto: Arquivo Pessoal/Wilton Bezerra

Frequento, há muitos anos, o Parque Rio Branco, no bairro Joaquim Távora.

Uma pequena floresta, cercada de casas e, ainda, poucos edifícios.

O lugar sofre, com o abandono do poder público, e quase tudo dele está sendo arrancado. Além de bancos, coberturas de madeira e grades de ferro que o cercam.

Mas, digo sempre: desde que não arranquem suas frondosas árvores, a gente vai suportando, impotente, o descaso com um patrimônio tão importante.

Faço ver, sempre, aos membros de uma pequena confraria, da qual tomamos parte, do privilégio de termos pertinho de casa um ponto de encontro tão agradável, sob a proteção das árvores.

A propósito delas, neste espaço, produzimos, em março, uma crônica sobre esses seres mansos e quietos que encharcam nossas vidas de sentido. 

Agora, nos deparamos com coisas belas sobre o assunto pela presença, na Feira Internacional de Paraty (Flip), de Paulina Chiziane, escritora de Moçambique, vencedora recente do prêmio Camões, a mais importante distinção literária da Língua Portuguesa.

Eis o que diz Chiziane: "O paraíso não é no céu, mas ao lado de uma árvore".

E vai além: "A natureza existe sem o homem. O oposto não é verdadeiro. No dia em que morrer a última árvore, morrerá o último pássaro e o último ser humano.

Essas pérolas nos ajudam a refletir sobre as árvores como nossas irmãs.