Se a coragem é a maior virtude de um defunto, por outro lado, o medo tem sua utilidade porque previne.
É inegável o medo de dirigentes, atletas e torcedores na retomada das atividades futebolísticas do Brasil.
Medo e angústia, entre o otimismo da volta e o terror de uma segunda onda do coronavírus, acrescente-se.
Mas, o Campeonato Brasileiro da Série A está marcado para agosto, os estaduais e outras competições para julho.
Só que, aqui, o governo do Estado já comunicou que não há menor possibilidade de um recomeço no dia 9 do próximo mês, como se anunciou.
A preocupação maior reside no receio de uma recontaminação, pouco depois que a bola volte a rolar, mesmo com o aval das autoridades da saúde.
E esse repeteco do vírus, é bom que se saiba, já aconteceu em vários países
Por isso mesmo, ninguém saiu às ruas para pedir a volta do futebol, como, talvez, tenha imaginado Valdano, ex-craque Argentino e comentarista esportivo na Espanha.
Depois, vem a questão, igualmente séria, que se refere às finanças devastadas pela pandemia.
Fica difícil dormir diante de uma situação como esta: com “liseira” e insônia, de uma vez só, não há quem possa.
A aflição dos clubes se assemelha ao sujeito, vítima de afogamento, sem direito sequer de abrir os braços.
Pior é não saber, com algum grau de exatidão, quando isso tudo vai ter fim.
O ex-governante e senador da República pelo Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, no início do século passado, revelava predileção por duas coisas: as mulheres das noites cariocas e as corridas de cavalo. Por isso mesmo, vivia permanentemente em estado de penúria financeira.
Chamado a explicar as razões de sua perene “liseira”, o velho político dos pampas mandou: “Cavalos lentos e mulheres rápidas”.
Assim, está o futebol: receitas lentas (quase parando) e despesas rápidas.
Sobre a “desnecessidade” do futebol, diríamos que foi possível sim, passar 90 dias sem ele, e outras coisas mais; só que a vida ficou mais triste.